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Summit Mobilidade 2023 começa debatendo a eletrificação do setor automotivo

O Summit Mobilidade 2023 acontece hoje, 31 de maio, e já começou o debate com um dos assuntos mais importantes da atualidade: a necessidade da descarbonização dos meios de transporte. O maior evento de mobilidade urbana do País segue ao longo do dia com diversas palestras fundamentais, promovendo a conexão entre pessoas e cidades.

Descarbonização dos meios de transporte

Para proferir a primeira palestra, o evento convidou Gustavo Mañez Gomes, representante do Escritório do Programa das Nações Unidas (PNUMA) no Brasil. Gomes começou a palestra de Descarbonização dos meios de transporte com um chamado a sociedade. Ele lembrou que a maioria dos países não está cumprindo as metas do Acordo de Paris e, como consequência, os dados mais recentes do Programa Climático das Nações Unidas apontam que o aquecimento do planeta pode chegar a 2,8ºC até o fim do século. Esse número pode significar não apenas a extinção de diversas espécies vegetais e animais, mas também muitas alterações de eventos climáticos que podem dificultar significativamente a vida humana na Terra.

Neste cenário, a transformação da mobilidade urbana é uma das chaves para colocar o planeta em um caminho de sustentabilidade. Infelizmente, os veículos automotivos nas grandes cidades estão entre os elementos que mais poluem, o setor continua crescendo e a eletrificação ainda caminha a passos lentos.

Além disso, Gomes chamou a atenção para a necessidade da eletrificação urgente do setor. Segundo ele, outras formas alternativas de mitigar as poluições de motores a combustão são pouco efetivas. Um carro que usa biocombustíveis, por exemplo, emite cerca de 9% a menos de gases causadores do efeito estufa em comparação com um carro a gasolina. Já em um carro elétrico, as emissões podem ser menos de um quinto do que os veículos tradicionais emitem.

Transformação da energia para fontes mais sustentáveis deve andar em conjunto com a eletrificação das frotas. (Fonte: Summit Mobilidade 2023/Youtube/Reprodução)

A eletrificação do setor automotivo, porém, precisa andar em conjunto com a transição das fontes de energia no mundo. Se toda a frota for elétrica, mas a maioria dos países ainda depender de energias não renováveis, como petróleo, gás natural, carvão e fontes nucleares, o benefício dos veículos elétricos pode ser nulo. Mañez Gomes enfatiza essa necessidade de transições tecnológicas sinérgicas, o caminho trilhado um com o outro  no sentido de um mundo mais sustentável.

Eletrificação, investimentos e fomento para a indústria

A descarbonização do setor automotivo também pode significar um importante aporte para a maioria das economias do mundo. Segundo o palestrante, cerca de 88 milhões de pessoas em todo o mundo trabalham no setor de transporte, a cadeia de fabricação de veículos emprega quase 60 milhões. As transformações no setor podem significar uma nova revolução na Indústria 4.0, uma transformação econômica verde.

Só no Brasil, o setor automotivo emprega 1,2 milhão de pessoas e movimenta US$ 80 bilhões. Sendo assim, entende-se que as mudanças na legislação e novos investimentos de montadoras significam um novo fôlego para a indústria.

Tendências do mercado

As montadoras já começam a apontar que a eletrificação é o futuro do setor. A expansão de ofertas de modelos de veículos elétricos vêm crescendo de maneira rápida. Em 2022, 842 novos modelos de ônibus e caminhões foram introduzidos no mercado, além de 500 novos modelos de veículos leves. O crescimento é exponencial em relação a 2015, quando haviam menos de 100 modelos de veículos disponíveis nas duas categorias.

Estima-se que as mudanças farão o mercado de motores de combustão interna diminuir em 20% na próxima década. Gigantes do setor já traçam metas para a produção de elétricos. Como exemplo, a Mercedes quer comercializar apenas veículos elétricos ainda em 2025, e a Volvo deseja que 50% das suas vendas globais sejam de elétricos em 2030. Já a BMW tem a mesma meta mas para 2030, e a Stellantis promete 100% de elétricos na Europa em 2030, e 50% do total de vendas nos Estados Unidos. Tais promessas envolvem mais de US$ 120 bilhões em investimento em tecnologia, planejamento e transformação das plantas de fábricas.

Brasil precisa acelerar a transformação da frota pública. (Fonte: Summit Mobilidade 2023/Youtube/Reprodução)

Eletrificação no Brasil

O Brasil ainda apresenta números tímidos na eletrificação da frota de veículos de transporte público, mesmo quando comparado à América Latina. O País tem grande potencial, uma vez que a maior parte do transporte coletivo é realizado por linhas de ônibus que podem ser facilmente substituídas por veículos elétricos.

Estas mudanças, porém, necessitam de uma coordenação clara, com políticas públicas, incentivos e metas nacionais, além da definição de normas padrão para o funcionamento do setor. Afora a mudança do setor do transporte coletivo, outros segmentos poderiam ser incentivados a se eletrificar, como entregas urbanas, micromobilidade, táxis, etc., gerando fomento para empresas que adotaram a transformação mais rapidamente.

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Recomendações finais

Gustavo Mañez Gomes encerrou a palestra falando sobre as recomendações para governos e empresas. A eletrificação do setor automotivo já é uma realidade, segundo ele, em 2025 já deverá existir uma paridade de preços entre veículos elétricos e a combustão. Assim, a velocidade da transformação da frota dependerá da ação de governos.

Gomes sublinha a importância da comunicação para conscientizar a população sobre a urgência desta transformação, a necessidade do estabelecimento de compromissos e metas a nível federal e municipal, que englobem governos, empresas e a sociedade civil. 

Por fim, é preciso agir. Começar com pequenas metas, mas escalar as ações rapidamente.

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