Como as cidades podem expandir a frota de ônibus elétricos?

3 de maio de 2023 5 mins. de leitura

Avançar na eletrificação da frota de ônibus pode ser desafiador, mas algumas práticas podem facilitar o processo

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A eletrificação da frota pode ser encarada como uma importante alternativa para a redução das emissões de poluentes nas cidades. É no transporte público que essa participação se mostra ainda mais estratégica, uma vez que o modal pode ser utilizado por grande parcela da população, além de a adoção dele contribuir com a diminuição do uso de veículos para transporte individual.

Para elucidar qual é o potencial envolvido nesse processo, o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) divulgou, em abril de 2022, um relatório que apresenta detalhes da transição, além de dados que mostram como a adoção dos ônibus elétricos tem ocorrido, destacando desafios e boas práticas a serem seguidas.

(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Além de reduzir a poluição das cidades, os ônibus elétricos apresentam maior durabilidade e menor custo de manutenção. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Benefícios que exigem cuidados

O estudo destaca como algumas das vantagens da eletrificação da frota podem oferecer novos desafios, como quando se considera que o menor ruído emitido pelos ônibus elétricos reforça a necessidade de haver sinalização devida, de modo que evite acidentes entre ciclistas e pedestres que não notem o veículo próximo.

A questão das baterias também entra no rol de temáticas que precisam ser constantemente trabalhadas, indo além da inovação e da ampliação da autonomia, para que não seja descartada em local impróprio e provoque danos ambientais.

Se por um lado os veículos elétricos se apresentam como um meio importante para reduzir a poluição do ar nas cidades, por outro é necessário atuar em uma infraestrutura pensada para a implantação e para o que ocorre após o veículo entrar em desuso, para minimizar os danos ambientais gerados.

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Metas climáticas adotadas por diversos países constituem um passo importante para a crescente adoção de veículos com emissão zero. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Etapas para a expansão de veículos elétricos

Quando pensamos na eletrificação da frota sob um ponto de vista mais geral, é importante ter como referência modelos que conseguiram se desenvolver. Na China, país que responde por mais de 75% da frota de ônibus elétricos (incluindo os modelos híbridos), o processo passou por diferentes estágios.

Começou com o incentivo ao desenvolvimento de projetos piloto promovido pelo governo, entre 2009 e 2013, seguido pela adoção gradual dos veículos entre 2013 e 2018. Apenas a partir dessas etapas iniciais, que buscavam avaliar de forma mais prática os detalhes que envolviam a adoção do modal, o governo passou a atuar de forma mais incisiva para acelerar a expansão do sistema, entre 2018 e 2021.

Assim, também foi possível proporcionar adaptações e envolver outros meios, como táxis e serviços de entrega que atuavam no país. Isso se deu tanto para o estabelecimento de metas mais concretas quanto pela política de isenção de impostos, reduzindo o gasto inicial desse tipo de investimento.

Concluída essa fase, o governo optou por beneficiar o setor de outra forma e, desde 2016, subsidia a ampliação da infraestrutura de carga, buscando otimizar a operação dos veículos elétricos como um todo. Dessa forma, foi possível avançar na regulamentação e na fiscalização ao seguir um plano conduzido no decorrer dos anos.

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ITDP elenca elementos que devem estar presentes nos projetos de ônibus elétricos, como planejamento, identificação de necessidades locais e incentivos tecnológicos, financeiros e ambientais. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Análise do cenário e perspectivas

O estudo destaca ainda que, no Brasil, além de contratos vigentes por mais de 15 anos em algumas cidades que atrasam a transição energética, entre os contratos firmados que buscam a adoção de energias limpas nem todos apresentam metas concretas. Na prática, isso pode se reverter em empecilhos para a eletrificação.

Em 38% dos contratos vigentes que tratam da transição, não há definição clara do tipo de tecnologia que será utilizada na frota de ônibus. Além disso, 61% deles não definem como se dará o monitoramento das emissões e 77% não determinam quais poluentes seriam acompanhados.

Se antes as fábricas localizadas na China eram encaradas como um problema, o cenário mudou e atualmente elas se encontram em movimento de expansão para outros países. Como reflexo desse movimento, no Brasil, por exemplo, uma nova fábrica da Higer Bus, marca chinesa, será instalada em Fortaleza, no Ceará.

Nesse sentido, as perspectivas mundiais também já dão um vislumbre de como os esforços devem permanecer ganhando maior escala: estima-se que 35% dos ônibus na Europa serão elétricos até 2025. Mundialmente, esse índice deverá ser de 39%.

Fonte: ITDP Brasil, Estadão, TAGS DO PROJETO

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