As construções em áreas de risco, no Brasil, são consequências de diversos fenômenos, como a ausência de políticas públicas que delimitam de forma mais ordenada o crescimento das cidades, além do fato de as moradias estarem, cada vez mais, em áreas suscetíveis a desastres naturais, como em encostas de rios e morros.
Considerando o quanto as populações localizadas nessas áreas estão mais isoladas do acesso a serviços básicos de saúde, educação e segurança, o que contribui para acentuar as desigualdades sociais, a construção em locais impróprios oferece riscos que ameaçam a vida e que ainda assim não impedem que sejam habitados.
Para identificar uma área de risco, leva-se em consideração diversas características presentes em uma localidade, como o relevo, a vegetação e o clima, além da possível influência de ações humanas, de modo que os estudos realizados possam tanto estimar riscos atuais quanto atuar em previsões, auxiliando tarefas de prevenção e resgate.
Eventos extremos estão cada vez mais comuns
O serviço geológico do Brasil tem trabalhado nesse sentido, buscando alertar governos locais e auxiliar a adoção de medidas que atenuem os riscos presentes. Ao todo, o órgão já levantou a existência de mais de 13 mil áreas de risco no País.
Em meio a ocorrência de eventos climáticos extremos, também é pertinente considerar que há eventos menos previsíveis que podem potencializar os danos sofridos pela população, como o observado no litoral norte de São Paulo, que culminou em chuvas que superaram 600 milímetros, sendo o maior temporal já registrado no Brasil.
Muitos dos eventos desastrosos no País, inclusive, apresentam relação entre grande volume de água e a ausência de escoamento adequado, o que evidencia o papel da infraestrutura. Para mitigar tais efeitos, é necessário que haja atuação de diferentes órgãos, tanto para auxiliar quanto para oferecer soluções para a população, o que reforça a importância de investir em modelos mais seguros de construção.
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Agravamento do cenário nas cidades
Segundo o Serviço Geológico do Brasil (GGB), as áreas de risco muito alto quintuplicaram em Porto Alegre (RS), nos últimos dez anos. Em meio a esse cenário alarmante, 25 mil pessoas se encontram vulneráveis aos riscos de desastres, sujeitas a problemas como inundações, enxurradas, deslizamentos e queda de estruturas.
Além de um controle mais eficiente por parte das autoridades, é importante investir em iniciativas para reverter esse cenário, afastando a população dessas áreas com segurança, indo além de divulgar a ocorrência de eventos perigosos, já que isso não evita que desastres de maior magnitude coloquem a vida dessas pessoas em risco.
Fonte: Estadão, CPRM, Unicamp