Inundação: o que é e como evitar?

1 de fevereiro de 2023 6 mins. de leitura

Entenda por que a ação humana acelera o risco de inundação e como diferentes países estão combatendo esse fenômeno

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Inundações são um fenômeno natural que vem sendo potencializado pela ação humana. O processo de aquecimento global também coopera para a alteração no regime de chuvas, que tendem a maximizar as enchentes.

O que é inundação?

Inundação é um processo natural de cheia de um rio ou curso de água. Geralmente, os rios perenes (aqueles que não sofrem processo de seca durante o ano) têm dois leitos, o menor e o maior. O leito menor é o curso que a água segue na maior parte do tempo; já no período de chuvas, o volume de água se amplia, e o rio então ocupa um espaço maior, chamado de leito maior.

Esse fenômeno é comum e até benéfico para algumas culturas agrícolas, como a de arroz, porém a ação humana, e principalmente o modo de ocupação de espaços, faz que as inundações causem uma série de problemas, que vão desde a diminuição da mobilidade urbana até a perda de vidas.

Número de inundações ao redor do mundo está aumentando. (Fonte: Pexels/Reprodução)
Número de inundações no mundo está aumentando. (Fonte: Pexels/Reprodução)

Além das enchentes naturais, existem as antrópicas, que são causadas ou potencializadas pela ação humana. O modelo comum de ocupação de espaços pelos seres humanos, principalmente nas grandes cidades, causa uma série de problemas comuns em todo o mundo, o que deixa grandes contingentes populacionais sujeitos aos efeitos das inundações.

Entre as principais ações causadoras e potencializadoras de enchentes estão:

  • impermeabilização de grandes espaços, o que impede que o solo absorva a água;
  • sistema de drenagem ineficiente ou ultrapassado;
  • descarte incorreto de lixo, que entope bueiros e eleva o volume de águas;
  • desmatamento de matas ciliares ou de galeria, que servem como barreira natural contra o avanço das águas;
  • construção de barragens e possíveis acidentes.

Papel do aquecimento global

A ação humana que causa o aquecimento global também coopera para a multiplicação desse fenômeno que é causado pela potencialização do efeito estufa. Muitas atividades humanas, como as indústrias e o uso de veículos a combustão, lançam na atmosfera gases causadores do efeito estufa, os quais funcionam como um “teto” no planeta, impedindo que o calor recebido do Sol irradie para o espaço.

Com a temperatura global subindo, ocorre mais derretimento das calotas polares e há alteração na temperatura da água dos oceanos. Esse movimento causa dois fenômenos principais que modificam o regime de chuvas e de ventos em todo o planeta: El Niño e La Niña. Ambos são acontecimentos naturais e estão ligados ou aquecimento ou ao resfriamento das águas profundas do Oceano Pacífico. Essa diferença de temperatura afeta o nível de evaporação, o que altera a pressão atmosférica; assim, tanto o volume de precipitações como a direção das chuvas é modificado.

Os fenômenos historicamente ocorrem com diferença de anos e duram em média entre 9 meses e 12 meses, porém, com o aumento da temperatura global, vêm ocorrendo com mais frequência e durando cada vez mais. Atualmente, o La Niña está em ação e persiste por mais de dois anos; no Brasil, causou excesso de chuvas principalmente na Região Nordeste, mas também em outras áreas do centro-norte e do Sudeste, bem como estiagem na Região Sul e em partes da Região Sudeste.

Populações economicamente vulneráveis são as mais suscetíveis as inundações. (Fonte: Pexels/Reprodução)
Populações economicamente vulneráveis são as mais suscetíveis às inundações. (Fonte: Pexels/Reprodução)

Cada vez mais pessoas em áreas com risco de inundação

O estudo Global Flood Observation with Multiple Satellites, liderado pelos pesquisadores Beth Tellman e Jonathan Sullivan e publicado na revista Nature, mostrou que, mundialmente, o número de pessoas vivendo em áreas de alto risco de inundação chegou a 86 milhões. Os dados indicam que o crescimento demográfico nesses espaços ocorre majoritariamente em populações pobres que não conseguem se assentar em outras áreas e muitas vezes ocupam os locais ilegalmente.

O problema é global e afeta países de todos os níveis de desenvolvimento. O World Weather Attribution (WWA) divulgou dados mostrando que as chances de enchentes como as que ocorreram em 2021 na Alemanha e na Bélgica subiram de 20% para 900%. No Brasil, registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que pelo menos 8 milhões de brasileiros em mais de 870 municípios vivem em áreas com grande risco de inundação.

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Como combater uma inundação?

Existem soluções para esses problemas, mas é necessário haver forte planejamento e coordenação dos poderes públicos federais, locais, da iniciativa privada e da sociedade civil. No longo prazo, é preciso insistir na descarbonização das atividades humanas, pois a tendência de crescimento do aquecimento global pode levar a situações cada vez mais desesperadoras.

No médio prazo, várias medidas podem mitigar os efeitos de inundações. Cidades-esponja, por exemplo, são uma tendência na China, no Japão e em alguns países da Europa. Essa técnica cria estratégias para que a água da chuva seja mantida e absorvida onde cai, em pontos estratégicos, para que seja reutilizada. Para isso são empregadas ações como criação de parques, zonas úmidas, pavimentos drenantes, jardins de chuva, agricultura urbana e até telhados verdes.

Todas essas técnicas também podem ser realizadas individualmente para diminuir inundações em determinadas áreas. Além disso, outras estratégias comum são a restauração de planícies (despavimentação de áreas de lagos), recuperação de matas ciliares, manutenção estratégica de bueiros e sistemas de drenagem, bem como realocação de pessoas que vivem em áreas de risco.

No curtíssimo prazo, é importante criar sistemas de alerta nas cidades que desviem o trânsito de ruas alagadas e, principalmente, avisem a moradores de áreas de risco para que deixem as residências em caso de perigo.

Quer saber mais? Confira aqui a opinião e a explicação de nossos parceiros especialistas em Mobilidade.

Fonte: Summit Mobilidade Estadão, Arch Daily, Ecycle, Advancing Earth and Space Science

University of Arizona, Infoescola

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