As reservas de lítio dão boa perspectiva para os carros elétricos e suas baterias, mas sua extração impõe desafios à indústria
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Um dos principais questionamentos em relação aos carros elétricos está relacionado às suas baterias — tanto no sentido de que modo carregá-las, priorizando fontes de energia limpas e renováveis, como também no descarte e na produção.
Isso porque as baterias são produzidas com elementos químicos que precisam ser extraídos da terra, com altos impactos ambientais. O mais importante deles é o lítio, e uma reserva enorme dele foi descoberta recentemente na Alemanha.
De acordo com informações divulgadas pela agência de notícias Reuters, a reserva tem 300 quilômetros de comprimento por 40 de largura e apresenta lítio suficiente para fabricar 400 milhões de carros elétricos. Para efeito de comparação, 3,2 milhões de veículos desse tipo foram vendidos em 2020.
O lítio recém-descoberto está a milhares de quilômetros abaixo da terra, em estado líquido, na região do Rio Reno, sudoeste da Alemanha. Descobrir uma reserva dessa dimensão na Europa é uma boa notícia para a indústria automotiva do continente, que está apostando alto nos carros elétricos.
Atualmente, o lítio precisa ser importado (e transportado) de outras regiões, gerando altas emissões de carbono nesse processo. O principal fornecedor é a América do Sul, onde o material é extraído de desertos de sal no Chile e na Argentina. Além disso, ele também é produzido na Austrália — que o extrai de rochas, com maior gasto de energia — ou na China, para suprir a própria indústria.
Desse modo, além do impacto ambiental de transportar o lítio de um lado a outro do globo, há grandes custos financeiros. Com reservas mais próximas, na Alemanha esse processo será bastante simplificado. Por isso, já existem empresas projetando a extração do lítio — e intenções da indústria automotiva de comprá-lo. Gigantes como a BMW e a Mercedes-Benz já sinalizaram interesse.
No continente europeu, as principais reservas de lítio estão em Portugal, mas os produtores já o comercializam para a indústria de cerâmica.
Geólogos ouvidos pela agência Reuters estimam que as reservas alemãs estejam entre as maiores do mundo. Contudo, além de estarem em estado líquido, a milhares de quilômetros abaixo da terra, elas estão em áreas menos remotas do que os desertos de sal do Chile ou as mineradoras australianas. Dessa maneira, a extração pode enfrentar oposição das pessoas que moram próximo a essas regiões.
As empresas que pretendem realizar a extração de lítio na Alemanha argumentam que vão utilizar energia geotérmica no processo, que causa menos ruído e poluição. Porém, as perfurações para energia geotérmica já causaram danos em casas na mesma região do país, em 2007 — o que dá argumentos para a oposição.
Outro desafio para o lítio alemão seria o alto custo de implantação dos projetos de extração. Apenas uma empresa deve investir 1,7 bilhão de euros, segundo a Reuters. Porém, os projetos são de longo prazo, no mínimo para 2024.
De todo modo, o alto impacto ambiental da produção de baterias de lítio no modelo atual é uma questão que precisa ser resolvida pela indústria de carros elétricos. Resta saber se o recém-descoberto lítio alemão será a resposta.
Fonte: The Next Web, Reuters.
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