As maiores metrópoles do mundo já têm de 20 a 40 milhões de habitantes, mas o crescimento das cidades pode ir muito além disso
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Com 37 milhões de habitantes, Tóquio é a área urbana mais populosa do mundo atualmente. Mas assim como outras megalópoles em países desenvolvidos — Nova York, Londres e Paris —, a capital japonesa tem crescido em um ritmo mais lento nos últimos anos, à medida que as taxas de natalidade diminuem. Em vista disso, esses quase 40 milhões de pessoas definiram o limite para o crescimento das cidades?
Acredita-se que não. O crescimento pode ir muito além disso. A população mundial, hoje em 7,9 bilhões de pessoas, deve continuar crescendo até atingir seu limite, de 10 bilhões de pessoas, em 2100.
Nesse contexto, novas megacidades devem surgir — já são 33, e novas 10 são projetadas para o final da década atual — e as que já existem podem crescer muito mais. Contudo, esse novo crescimento deve acontecer nos países em desenvolvimento.
As metrópoles africanas, como Cairo (Egito), Lagos (Nigéria) e Kinshasa (República Democrática do Congo), são as principais candidatas a maior cidade do mundo nas próximas décadas, caso mantenham o ritmo de crescimento. Kinshasa, por exemplo, que hoje tem em torno de 13 milhões de habitantes, pode ultrapassar os 80 milhões até 2100.
A queda de natalidade na China está freando também seu crescimento populacional, de modo que a Índia deve ultrapassá-la, tornando-se o país mais populoso nas próximas décadas. Sendo assim, a já gigantesca Mumbai (entre 20 e 25 milhões de pessoas) pode passar dos 60 milhões daqui algumas décadas. Mesmo assim, megalópoles com mais de 100 milhões de habitantes podem surgir na China, conforme grandes manchas urbanas se integram.
Há três principais candidatas a maior megalópole chinesa — e maior área urbana do mundo. O Delta do Rio das Pérolas tem grandes metrópoles como Hong Kong, Guangzhou, Shenzen e Macau, que estão cada vez mais unidas. A área já tem 65 milhões de habitantes.
Algo parecido ocorre na região que integra Beijing, Tianjin e a província de Hebei, também chamada de Jing-Jin-Ji. Já há 110 milhões de pessoas na área, em cidades cada vez mais integradas em termos de transportes e serviços.
Por fim, há ainda o Delta do Rio Yangtzé, que tem mais de 27 grandes cidades, incluindo Xangai e Nanjing, é possível criar uma megalópole com mais de 200 milhões de pessoas.
Essas áreas urbanas colossais da China, embora ainda não estejam plenamente integradas, começam a levantar questões relevantes sobre a viabilidade de cidades tão grandes. Afinal, 100 ou 200 milhões de pessoas é mais do que a população da maioria dos países. Além disso, há o problema do tamanho físico: a megalópole Jing-Jin-Ji, por exemplo, poderia se estender por 160 quilômetros, de uma ponta a outra.
O primeiro desafio é a busca por recursos naturais — água, comida e energia elétrica — para sustentar toda essa população. Mesmo as megacidades atuais, como Beijing e Los Angeles, já sofrem para extrair água potável de locais longínquos — enquanto outras, como Dubai, precisam recorrer ao custoso processo de dessalinização da água do mar.
Também existe o desafio de prover moradia para tantas pessoas sem espalhar tanto a malha urbana, tornar o transporte impraticável e aumentar os custos de moradia — como já acontece em Hong Kong.
A mobilidade talvez seja o principal desafio para o crescimento das cidades. Afinal, de que adiantaria morar na maior cidade do mundo, com tantas oportunidades, e não conseguir acessá-las? Essa é uma questão que já está sendo analisada nas megalópoles chinesas, por meio de projetos ambiciosos.
No Delta do Rio das Pérolas, por exemplo, há um plano para 19 linhas de trem intermunicipais, que se conectarão aos mais de dez sistemas de metrô internos — o de Hong Kong já é um dos mais elogiados do mundo.
Na região Jing-Jin-Ji, há diversas linhas de trens de alta velocidade em construção, e o projeto do governo chinês é que qualquer pessoa possa chegar ao centro da cidade em menos de uma hora, vindo de qualquer lugar da província, graças a esses trens. No Delta do Rio Yangtzé, a integração dos sistemas de pagamento para o metrô de sete cidades já está em estudo, assim como integrações em serviços de saúde e educação.
Desse modo, os planos para o crescimento das cidades devem levar em conta estes desafios: recursos naturais, moradia e transportes. Pode ser que Kinshasa ou Lagos cresçam para se tornar as maiores cidades do mundo, ou as metrópoles chinesas se integrem nessas enormes áreas urbanas — mas, em todo caso, esses desafios precisam ser transpostos, e boas soluções de urbanismo serão necessárias nesse sentido.
Fonte: City Beautiful, National Geographic, ArchDaily, United Nations.