Como os pedestres podem transformar a mobilidade urbana

3 de março de 2020 4 mins. de leitura

Oferecer mais espaços para que os cidadãos possam andar pelas ruas pode contribuir para uma cidade melhor

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O foco da mobilidade urbana por muito tempo esteve nos carros — não é para menos, já que eles realmente dominam as ruas. Isso fez com que as cidades investissem primariamente na infraestrutura para os automóveis, esquecendo os pedestres; como resultado, temos centros urbanos cada vez mais caóticos.

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No livro Cidades de Pedestres — A Caminhabilidade no Brasil e no Mundo, lançado em 2017 pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (IPTD) e pelo Laboratório de Mobilidade Sustentável (Labmob) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os autores atribuem alguns dos grandes problemas da sociedade contemporânea ao modelo de urbanismo do século passado.

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“O resultado deste fracassado modelo é crítico para os habitantes de cidades contemporâneas: espraiamento urbano e segregação, além de longas jornadas casa-trabalho gerando cansaço, depressão e desperdício de energia. A multiplicação de veículos particulares motorizados tem levado a níveis alarmantes de emissão de poluentes locais e globais, com impactos diretos na saúde pública e no clima”, diz a obra.

A vez dos pedestres

pedestres atravessando na faixa
(Fonte: Freepik)

Desde o início do século XXI, o debate sobre o espaço urbano vem ganhando novos personagens, e finalmente os pedestres têm sido colocados como peças importantes no equilíbrio da mobilidade. E a legislação brasileira tem se aprimorado nesse sentido. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB — Lei n. 9.503/97) já previa direitos aos pedestres, entre eles o do uso de calçadas para a mobilidade e a prioridade de passagem em locais sem sinalização semafórica.

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Ao CTB somaram-se outras leis, como a Lei Brasileira de Inclusão (Lei n. 13.146/2015), que prevê o direito ao transporte e à mobilidade de pessoas com deficiência, e o Plano Nacional de Mobilidade Urbana (Lei n. 12.587/2012), que tem entre seus princípios a acessibilidade universal e a prioridade para os modos de transporte não motorizados e o transporte coletivo.

Além disso, diversas cidades brasileiras têm feito esforços para criar Planos de Mobilidade mais inclusivos.

O conceito de caminhabilidade

pessoas andando em praça
(Fonte: Freepik)

Com o aumento das discussões sobre a qualidade de vida nas cidades e a necessidade de incluir os pedestres em planos de mobilidade, o conceito de caminhabilidade surgiu para ajudar a medir o nível de facilidade dos pedestres ao andarem pela cidade.

O movimento leva em conta a acessibilidade, o conforto ambiental, os atrativos de uso das ruas e calçadas, a segurança, entre outros. A partir dele, pode-se ter uma ideia de quão predispostos os cidadãos estão para caminhar em determinados locais.

Segundo o World Resources Institute Brasil (WRI), para medir a caminhabilidade, “O primeiro ponto a ser observado é a possibilidade de acessar, caminhando, áreas de lazer, comércio e entretenimento, como parques, lojas, restaurantes, museus, entre outras atividades sociais e culturais que as cidades oferecem. Em um segundo momento, analisam-se as condições do caminho que precisa ser percorrido até o destino”.

Exemplos de caminhabilidade pelo mundo

Zurique, na Suíça, já conta com uma divisão modal invejável: 31% dos deslocamentos são feitos a pé ou de bicicleta e 39% por transporte coletivo. Para conseguir o feito de minimizar o domínio dos automóveis particulares, a cidade adotou, em 1996, o compromisso de não construir novos estacionamentos. Hoje, a maior parte das vagas é subterrânea, enquanto a superfície da cidade é ocupada por praças e zonas exclusivas para pedestres.

Em Helsinque, na Finlândia, a regra é: quanto mais pessoas houver na cidade, menos carros poderão circular nas ruas. Para isso, a capital pretende construir bairros mais densos, conectados e caminháveis entre si. A ideia é deixar os locais de trabalho e de lazer mais próximos, para que os habitantes possam andar a pé ou pedalar até eles.

Outra cidade que busca conectar espaços para incentivar a caminhada é Hamburgo, na Alemanha. A ideia é deixá-la totalmente acessível a pé através da criação de eixos que levam a população até as áreas verdes e de lazer do município.

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