Planejamento priorizou transporte individual de passageiros
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No Brasil, temos vários exemplos de grandes cidades planejadas a partir do zero, como Brasília, Belo Horizonte e Goiânia. Em comum, todas foram pensadas e construídas depois da invenção do automóvel e do metrô, na metade do século XIX. Ainda assim, não conseguiram evitar os problemas de tráfego.
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Belo Horizonte está entre as 100 cidades mais congestionadas do mundo, segundo levantamento realizado pela empresa GPS Tomtom em 2018. Brasília sofre com engarrafamentos, principalmente, em sua zona central e em algumas das principais vias de acesso à cidade. Uma pesquisa realizada pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg) mostra que a população dá uma nota de 3,97, em uma escala de 10, ao trânsito de Goiânia.
Enquanto as ruas e avenidas foram concebidas com o planejamento dessas cidades, o metrô foi adicionado tardiamente. A população de Belo Horizonte teve acesso ao sistema metroviário em 1986, quase 100 anos depois de sua inauguração. O metrô de Brasília só foi aberto para a população em 2001, com a capital prestes a comemorar meio século de vida. A capital de Goiás, fundada em 1933, apesar de planejada, sequer possui sistema metroviário.
A explicação para esse atraso está na dificuldade de se implantar o metrô. O investimento para a sua implantação e operação é maior que o modal rodoviário. Além disso, é necessário um volume de pessoas para torná-lo viável economicamente. Londres, a primeira cidade no mundo a contar com metrô, tinha mais de 3 milhões de habitantes já em 1863, quando o sistema foi inaugurado. A cidade de Goiânia foi estruturada para apenas 50 mil habitantes, o planejamento inicial para Belo Horizonte era de 300 mil pessoas, e Brasília esperava receber 500 mil habitantes.
Assim, todo o planejamento de mobilidade dessas cidades foi criado a partir do transporte individual de veículos. Até o aumento exponencial do número de automóveis nas ruas brasileiras, os problemas eram menos evidentes. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2006 circulavam cerca de 27 de milhões de carros no país. Em 2018, esse número dobrou para quase 55 milhões de veículos.
A capital federal tinha 682 mil carros, em 2006, e passou para quase 1,3 milhão em 2018, enquanto a capital de Goiás cresceu de uma frota de 357 mil para 617 mil automóveis. Já Belo Horizonte aumentou duas vezes e meia o número de veículos em suas ruas, saltando de 665 mil veículos para quase 1,5 milhão nos 12 anos da série histórica. Com isso, aumentaram os congestionamentos nas capitais.
O projeto de mobilidade por Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) de Goiânia existe há quase uma década, mas ainda não saiu do papel. A cidade tem mais de 1,3 milhão de habitantes e conta com um sistema de Bus Rapid Transport (BRT) para o transporte de massas na capital e região metropolitana. No entanto, especialistas afirmam que o sistema está saturado e esse modelo de transporte foi ultrapassado pelo VLT.
Aguardada desde 1998, a expansão dos 28 quilômetros da malha de metrô de Belo Horizonte gerou até a criação do bloco de carnaval “Esperando o Metrô”, que chegou a provocar em 2019 uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir o tema. Mesmo assim, o metrô viu o número de passageiros evoluir de 57 milhões em 2012 para 58 milhões em 2018, segundo dados da Confederação Nacional de Transporte (CNT) e da Companhia Brasileira de Trens (CBTU).
Em Brasília, o metrô aumentou o número de passageiros de 39 milhões em 2011 para 58 milhões em 2018, conforme dados da CNT e do Metrô DF. O sistema de 42 quilômetros está sendo expandido e, em 2020, uma nova estação funciona em período experimental. Ainda assim, apenas 4,9% da população usava essa opção para se locomover diariamente em 2016, segundo informações da CNT. O número está bem abaixo dos de outras capitais, como Belo Horizonte, onde 8% das pessoas usavam o meio de transporte.
Fontes: Agência Brasil; IBGE; CNT;CBTU; Assembleia Legislativa de Minas Gerais; GPS Tomtom; Transport for London; Secretaria da Casa Civil do Estado de Goiás; Prefeitura de Goiânia; IPEA; MetrôDF
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