Aumenta no número de mortes de pedestres e ciclistas em SP

28 de agosto de 2024 5 mins. de leitura

Acidente com ciclistas quase dobrou em julho; saiba o que precisa ser feito para reduzir esse índice Por Erick Souza – editada por Mariana Collini em 28/08/2024 Entre fevereiro e julho deste ano, o número de mortes no trânsito do Estado de São Paulo subiu 24,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Deste […]

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Acidente com ciclistas quase dobrou em julho; saiba o que precisa ser feito para reduzir esse índice

Por Erick Souza – editada por Mariana Collini em 28/08/2024

Entre fevereiro e julho deste ano, o número de mortes no trânsito do Estado de São Paulo subiu 24,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Deste total, grande parte das vítimas eram pedestres ou ciclistas. Apenas em julho, por exemplo, o número de ciclistas mortos no trânsito foi 137% maior que no mesmo mês em 2023.

Na última semana, o Infosiga divulgou os dados do acumulado do ano, com os números de óbitos entre janeiro e julho de 2024. No período, o índice de óbitos de pedestres registrou 829 casos. O número é 21,9% maior que nos mesmos meses do ano passado.

De acordo com a plataforma de monitoramento da taxa de letalidade do trânsito de São Paulo, o crescimento dos óbitos dos ciclistas foi ainda maior. Durante os primeiros sete meses de 2024, 257 óbitos de ciclistas foram registrados pelo Detran-SP. O sistema ainda revela que a maior parte dos óbitos de pedestres ocorreu por atropelamento. Já para ciclistas, o principal motivo foi colisão.

Para Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike, o aumento atual acontece como resultado de uma série de ações tomadas no passado. “O que estamos vendo hoje é o agravamento do afrouxamento de políticas de segurança viária, que vem acontecendo de 2017 para cá”, explica.

O que estamos vendo hoje é o agravamento do afrouxamento de políticas de segurança viária, que vem acontecendo de 2017 para cá.

Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike

“Desde 2017, [na cidade de São Paulo] tem havido a retirada de radares, a mudança de legislação para aplicação de multas, o deslocamento das equipes de rua para outras prioridades…”, exemplifica. De acordo com o Infosiga, a taxa de mortalidade para cada 100 mil habitantes no Estado em 2024 é a mais alta desde a registrada em 2016. No acumulado deste ano, a média foi de 13,46. Em 2016, o índice marcou 13,56.

Políticas de segurança

De acordo com o diretor, a segurança no trânsito é de responsabilidade das gestões públicas. “Eu não acredito em culpabilizar comportamentos individuais, porque no trânsito o comportamento é induzido pela infraestrutura”, afirma.

Por esse motivo, segundo Guth, o Estado precisa construir políticas baseadas no tripé da segurança viária, como o estabelecido no projeto Visão Zero, da Suécia. O programa criado em 1997 tem como objetivo diminuir o número de mortes no trânsito a partir de uma abordagem compartilhada. “É um tripé que consiste em boa infraestrutura, fiscalização e punição, e gestão de velocidades”, explica.

Conforme o especialista, essa abordagem inclui, por exemplo, a redução dos limites de velocidade das vias, redesenho das ruas e o aumento da estrutura de monitoramento, com mais radares e fiscais. Além disso, o especialista também sugere estratégias utilizadas em outros países para acalmamento de tráfego, como a arborização próxima da via, aumentar a angulação das estradas e construir travessias elevadas, por exemplo.

Para o caso específico dos pedestres, o diretor executivo afirma ser um problema crônico da cidade. “Nós não temos uma política específica pensando no sistema de mobilidade a pé”, explica. Para isso, Guth sugere que as gestões possam trabalhar projetos de qualificação das calçadas, como a ampliação das áreas e a própria estrutura dos semáforos. “Os semáforos têm redução de tempo para quem está andando a pé, para valorizar os automóveis”, afirma.

Conforme o diretor, o quarto item que combina todas as estratégias anteriores são as campanhas. Para ele, os informativos funcionam, principalmente, quando apresentam os motivos por trás das decisões e mudanças das políticas de trânsito. “Campanhas isoladas de uma mudança real e prática, só tentando trabalhar o comportamento individual das pessoas, têm efeito prático muito baixo”, afirma.

Número de mortes em outras categorias

Mantendo a liderança, os motociclistas continuam com o maior registro de óbitos no trânsito em São Paulo. Conforme os dados do Infosiga, no acumulado deste ano, foram 1.487 mortes no Estado. Além do número alto, o resultado também indica um crescimento de 26% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os óbitos de ocupantes de automóveis também cresceram, com um aumento de 15,7% em relação ao acumulado do ano passado. Ao todo, a categoria registrou 772 mortes. Na comparação entre os meses de junho e julho deste ano, no entanto, o número final demonstrou uma variação de -16,7%.

A maior parte dos óbitos, no geral, afetaram a população masculina com idades entre 20 e 29 anos. Foram 82% de óbitos do gênero masculino contra 18% feminino. A maior parte utilizava motocicleta. De acordo com o Infosiga, 57,5% dos casos acarretaram na morte do condutor; em segundo lugar estavam os pedestres, com 24,7%.

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Foto: GettyImages

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