A COP30 de Belém (PA) e a volta do Salão do Automóvel, ambos em novembro, serão vitrines do que o Brasil tem a oferecer em soluções para o planeta Por Márcio de Lima Leite (Presidente Anfavea) Há três anos, quando minha diretoria e eu assumimos o comando da Anfavea, a prioridade era um forte trabalho […]
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A COP30 de Belém (PA) e a volta do Salão do Automóvel, ambos em novembro, serão vitrines do que o Brasil tem a oferecer em soluções para o planeta
Por Márcio de Lima Leite (Presidente Anfavea)
Há três anos, quando minha diretoria e eu assumimos o comando da Anfavea, a prioridade era um forte trabalho de reorganização do setor automotivo brasileiro, após os prolongados impactos causados pela pandemia. Isso em meio a uma radical transformação global do modelo de negócio automotivo e da mobilidade, com foco absoluto na descarbonização.
Havia muito trabalho a ser feito, e cabia à Anfavea encabeçar essa missão. Embora esse seja um trabalho de longo prazo, obtivemos muitos avanços consistentes. Muitas entidades setoriais e gestores públicos entenderam a gravidade do momento e deram sua contribuição com medidas fundamentais como o Programa Mover, o Marco das Garantias, a recomposição do Imposto de Importação para veículos eletrificados, a Reforma Tributária (exceção feita ao indefensável Imposto Seletivo para automóveis), o Programa Combustível do Futuro e tantas outras.
O resultado mais visível dessas ações é o ciclo recorde de investimentos, com R$ 130 bilhões dos fabricantes e outros R$ 50 bilhões dos fornecedores. Esses investimentos em modernização de fábricas, produtos e tecnologias já começam a dar frutos com a ampliação da produção, das vendas e sobretudo dos empregos.
Balanço positivo
Nos últimos três anos, a Anfavea honrou e ampliou seu compromisso com a inovação, a sustentabilidade e o desenvolvimento da indústria automotiva, desempenhando um papel decisivo na articulação entre setor produtivo e governo, promovendo avanços regulatórios, sustentabilidade, inovação e competitividade.
Com desafios como a transição para tecnologias mais limpas, modernização da mobilidade e recuperação econômica, a entidade fortaleceu sua atuação em diversas frentes.
E para refletir esse novo momento, nossa entidade passou certamente pelas maiores transformações em seus quase 69 anos de trajetória. Começando pelo novo logotipo, comunicação visual mais moderna e uma nova sede na região da Avenida Berrini, centro nevrálgico das grandes empresas na capital paulista.
Em Brasília também inauguramos uma nova sede, muito mais receptiva para reuniões com nossos associados, parceiros de negócios, delegações estrangeiras e representantes do poder público.
Investimos na ampliação das nossas redes sociais, num diálogo ainda mais fluido e franco com a sociedade. E finalmente, mudamos totalmente a governança da Anfavea, ao contratar um executivo de mercado para ser meu sucessor, após um longo e bem-sucedido histórico de 20 presidentes ligados às associadas fabricantes.
Isso sinaliza uma nova Anfavea para uma nova era da indústria automotiva e da mobilidade. Temos desafios de curto, médio e longo prazo. Precisamos ampliar as vendas internas e as exportações, de modo que nossa produção volte a um patamar superior a 3 milhões de unidades.
Também é preciso evitar que as importações tenham uma expansão explosiva, o que poderia impedir nossa recuperação. Essa é a equação que nos dará estabilidade para aumentar os investimentos e sustentar o nível crescente de emprego.
Precisamos nos firmar como um hub de soluções tecnológicas, que aproveita o potencial da energia limpa e dos fartos recursos de nosso País. Isso vale tanto para nossa expertise de décadas em biocombustíveis, como para as novas tecnologias de eletrificação, conectividade e automação.
Tenho fé que a COP30 de Belém (PA) e a volta do Salão do Automóvel, ambos em novembro, serão vitrines do que o Brasil tem a oferecer em soluções para o planeta.
Temos desafios em termos de meio ambiente, segurança veicular e, para superá-los, é urgente a implementação de um programa de Inspeção Veicular que acelere a renovação da nossa frota. Persistem desafios burocráticos e de infraestrutura para reduzir o ‘custo Brasil’.
Por outro lado, somos uma indústria forte e resiliente. Temos profissionais qualificados, e precisamos capacitar ainda mais talentos especializados nas novas tecnologias. Nosso mercado é amplo e ávido por novidades, mas ainda com um baixo índice de motorização per capita, o que indica sua capacidade de crescimento.
Encerro meu ciclo de três anos na presidência da Anfavea com muito orgulho pelas conquistas e otimista para os próximos passos da entidade e de todo o setor. Ousadia é o que o futuro espera de nós.
Foto: Getty Images