Implementação de sistemas seguros reduzem mortes no trânsito

13 de abril de 2020 4 mins. de leitura

Acidentes fatais podem ser evitados com abordagens utilizadas na Suécia e na Holanda

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Um relatório divulgado em junho de 2019 pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) revelou que a taxa de mortalidade no trânsito brasileiro é de 19,7 por cem mil habitantes — acima da média das Américas (15,6) e do Cone Sul (18,4). Para conter esse problema, há várias soluções sendo propostas no mundo todo, e uma delas são os sistemas seguros.

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Trata-se de uma abordagem de gerenciamento da segurança rodoviária que pode reverter o quadro emergencial porque se baseia no princípio de que a vida e a saúde não devem ser comprometidas pela necessidade de viajar. Os componentes principais dos sistemas seguros são estradas, velocidades e veículos que ofereçam maior segurança para a população: tudo projetado tendo o ser humano em seu centro, levando em consideração a falibilidade e a vulnerabilidade humana e aceitando que mesmo a pessoa mais consciente cometerá um erro em algum momento.

A responsabilidade pelo sistema é compartilhada por formuladores de políticas, planejadores, engenheiros, fabricantes de veículos, gerentes de frota, agentes de fiscalização, educadores de segurança viária e agências de saúde. Os usuários das estradas são responsáveis pelo cumprimento das regras do sistema.

Os dois primeiros países a adotarem uma abordagem de sistemas seguros para a segurança rodoviária foram Suécia e Holanda. A Suécia lançou o programa Vision Zero em 1994, com base em uma estratégia utilizada nos transportes aéreo e ferroviário, que se tornou lei em 1997, como parte de um Projeto de Lei de Segurança no Trânsito. Na Holanda, a segurança sustentável, implantada nos anos 1990, também foi uma iniciativa destaque. A proposta difere um pouco da abordagem sueca na medida em que não pressupõe que os usuários da estrada obedeçam às regras e considera a informação e a educação públicas como parte vital dos sistemas seguros.

No Brasil, as cidades de São Paulo (SP) e Fortaleza (CE) já implementaram os sistemas seguros. A capital paulista tem um plano para a redução de metade das mortes no trânsito até 2028, e a capital cearense anunciou em dezembro de 2019 a redução em 40% das mortes em acidentes viários.

Como os sistemas seguros são implementados?

(Fonte: Shutterstock)

Um sistema seguro se baseia na premissa de que os acidentes nas estradas são previsíveis e evitáveis e que é possível zerar o número de mortes e ferimentos graves. Isso requer uma reorganização da governança e a implementação de políticas de segurança no trânsito com planejamento do uso do solo, melhores opções de mobilidade, educação e capacitação, gestão da velocidade, leis e fiscalizações, veículos seguros e resposta rápida do atendimento de emergência.

O planejamento do uso do solo contribui para a segurança viária, com a diminuição da intensidade do trânsito, da quantidade de deslocamentos e, consequentemente, da exposição dos pedestres aos veículos em movimento. As melhores opções de mobilidade são transportes coletivos de qualidade, pois são mais seguros do que as viagens de carro: nos países em que essa modalidade é mais utilizada, a taxa de mortes em acidentes é aproximadamente 20% menor.

A educação dos cidadãos é outro ponto importante para a redução dos acidentes, e isso se dá por meio da capacitação dos motoristas e da conscientização sobre a segurança no trânsito. A adequação da velocidade dos veículos ao tipo de uso das ruas torna o sistema mais seguro. Limites de velocidade menores separam as pessoas do tráfego e têm pouco efeito nos tempos médios de deslocamento, com impacto significativo na redução de probabilidade e gravidade de uma colisão.

(Fonte: Shutterstock)

Ruas mais estreitas, por sua vez, contribuem para um maior cuidado dos motoristas do que as vias largas. Além disso, nelas há mais segurança para pedestres realizarem a travessia, que se dá em menor tempo. Por fim, o tempo da chegada do atendimento de emergência em casos de acidentes é fundamental para a sobrevida dos envolvidos: quanto menor, mais contribui para os sistemas seguros.

Fonte: WRI Brasil

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