Oferta de vagas em espaços públicos e edifícios privados incentiva o uso de automóveis e sobrecarrega a mobilidade urbana
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A política de mobilidade urbana centrada no uso do carro lota o meio-fio das cidades. Espaços que poderiam ser dedicados à mobilidade ativa se tornam meros estacionamentos a céu aberto nas ruas.
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Em meio a esse cenário, cidades em todo o mundo começaram a perceber que, quanto mais fácil for estacionar próximo do destino e menor o custo da vaga de estacionamento, maior será o uso do carro em detrimento do transporte público. Por isso, começaram a desestimular as ofertas de espaços para estacionar, no intuito de reduzir congestionamentos e a emissão de poluentes.
Um estudo realizado pela Inrix, empresa de dados de tráfego, calculou o custo de estacionar veículos em quase 9 mil cidades. As horas perdidas procurando vagas, os valores pagos em estacionamentos e os custos de multas por parar em locais não permitidos somam um valor anual de US$ 95,7 bilhões nos Estados Unidos, 31,2 bilhões de libras no Reino Unido e 45,2 bilhões de euros na Alemanha.
O que esperar da micromobilidade no pós-pandemia?
Na tentativa de reduzir a ocupação do espaço público com carros parados, várias cidades começaram a exigir um número exato de vagas de estacionamento para novos empreendimentos, de acordo com o uso residencial, comercial ou industrial. No entanto, essa medida fez com que o custo de construção aumentasse.
Os custos para garantir as vagas em garagens subterrâneas ou em pavimentos superiores acabaram sendo incorporados ao valor de venda dos imóveis. Um estudo da Universidade da Califórnia estima que o custo de construção por vaga é de US$ 22,5 mil.
Foi pensando nisso que algumas cidades, inclusive no Brasil, já começaram a rever suas políticas de estacionamento. Assim, passaram a eliminar os requisitos mínimos para novos empreendimentos e estipular requisitos máximos por zonas, especialmente próximas a corredores de transporte público, além da substituição de vagas por potencial construtivo de habitação de interesse social.
Quais são as vantagens dos estacionamentos rotativos?
Em 2019, Porto Alegre eliminou a obrigatoriedade de vagas de estacionamento em novas construções, seguindo o exemplo da cidade de São Paulo, que, em 2014, aprovou um novo Plano Diretor Estratégico (PDE).
A capital paulista, no entanto, foi um pouco mais adiante: definiu o limite de uma vaga por unidade habitacional e uma vaga para cada 70 metros quadrados de área não residencial — os empreendedores que ultrapassarem esses limites devem pagar uma contrapartida ao Poder Público. E, ainda, foram determinadas áreas estratégicas para orientação do desenvolvimento urbano ao longo dos eixos de transporte público.
Fonte: Caos Planejado, 99app, INRIX, ITDP.
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