Segundo entidades ligadas ao setor, houve um crescimento de 54% no número de ciclistas em relação a 2016
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A bicicleta é capaz de trilhar grandes distâncias com pouco esforço, além de ser barata, tirar as pessoas do sedentarismo e não agredir o meio ambiente. Em 2020, ela se tornou ainda mais importante, pois, devido à necessidade de um transporte mais seguro em meio à pandemia, passou a ser recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma ótima forma de deslocamento, já que expõe pouco quem pedala em meio à covid-19.
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Mas será que a adesão à bike na Grande São Paulo também aconteceu na periferia? Essa foi a pergunta que motivou a realização do projeto Transposições Locais — a bicicleta em contextos periféricos, promovido pela Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) e o coletivo de ciclistas Bike Zona Leste, com apoio da Fundação Rosa Luxemburgo.
Desde o início da pandemia, diversos países têm tido ótimas experiências no aumento do hábito de pedalar. A Colômbia tem criado ciclovias temporárias que podem se tornar definitivas, a França criou uma política de isenção de impostos para a compra de bicicletas e a Itália, além da mesma política fiscal, tem experiências de dar sorvete e cerveja para quem adotar “a magrela”. Nada mal, não é mesmo?
Para saber se a periferia da Grande São Paulo tem pedalado pelo mesmo caminho, o projeto decidiu observar o distrito de Ermelino Matarazzo, em Guarulhos, vizinhança paulistana. Durante 14 horas, os voluntários ficaram no cruzamento das avenidas Águia de Haia e do Imperador munidos de caneta e prancheta, anotando a movimentação de ciclistas.
A escolha faz sentido sobretudo por se tratar de uma região pobre, com estrutura viária bastante distinta do que se percebe na Avenida Paulista e que funciona como cidade-dormitório — região cujos moradores trabalham em outros locais da Grande São Paulo. Portanto, ainda que a crise econômica estimule a adoção da bicicleta, o uso desse modal é um desafio a quem precisa cruzar longas distâncias.
O resultado da pesquisa foi significativo: enquanto uma contagem de 2016 no mesmo local foi capaz de apontar 687 ciclistas, a aferição em setembro de 2020 percebeu 1.184 pessoas pedalando. Trata-se de um aumento de 54% em apenas quatro anos.
Porém, a contagem permite ainda outras conclusões, ainda em análise pelos organizadores do projeto. O instrumento possibilita registrar a faixa etária e o tipo de bicicleta, criando um perfil mais detalhado dos ciclistas. A expectativa é que esses dados possam orientar políticas específicas do setor.
É importante que o poder público esteja atento a esse crescimento. Apostar em melhorias na infraestrutura e em outros estímulos à ciclomobilidade pode ser o diferencial para que esse fenômeno se torne definitivo e até mesmo se intensifique, diminuindo a demanda por outras formas de transporte, mais caras e poluentes e menos seguras em relação à covid-19.
Fonte: Mobilize.
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