O programa Zebra financiará a transição do modal de cidades na América Latina, mas os desafios exigem outras medidas
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Não apenas incentivar fontes energéticas mais limpas e sustentáveis, mas sim apostar no transporte coletivo para reduzir o uso de veículos particulares. Essa é a aposta do programa Zero Emission Bus Rapid-deployment Accelerator (Zebra), que promete impulsionar a substituição da frota de São Paulo e outras megalópoles latino-americanas por ônibus elétricos.
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O movimento é encabeçado pela P4G, líder mundial em soluções urbanas sustentáveis que reúne entidades públicas, privadas e do terceiro setor. Ao todo, espera-se conseguir cerca de US$ 1 bilhão até 2021 para que o setor faça sua transição para energia elétrica.
Desde 2018 o tema é debatido e, por fim, sob liderança do Conselho Internacional de Transporte Limpo e da C40 Cities, o projeto está pronto para ser aplicado em São Paulo, Cidade do México e Medellín — três cidades com sistema de metrô próximo da saturação.
O objetivo do projeto é substituir os ônibus a diesel, que ainda correspondem à maior parte da frota dessas cidades, por ônibus elétricos. Espera-se assim a colaboração para um ar mais limpo, uma vez que os atuais veículos são fontes significativas das emissões de carbono que contribuem para o aquecimento global.
A ideia responde a um conceito de “corrida para o zero”, ou seja, mover esforços para zerar o número de ônibus movidos a combustíveis fósseis. Para isso, é necessário envolver as prefeituras das cidades, os investidores do setor, as empresas fabricantes de veículos e as concessionárias que administram as frotas nos trajetos urbanos.
Espera-se criar um movimento que fortaleça a demanda por veículos mais sustentáveis e estabeleça compromissos entre os diversos atores para que o modal seja cada vez mais limpo e atrativo. Porém, se isso for necessário, está mirando apenas uma parte do problema, pois é preciso considerar outros atores que circulam com os ônibus nas vias paulistanas.
Cerca de 60% das emissões dos gases de efeito estufa na capital paulista são provenientes do transporte. Isso explica a urgência de medidas que inovem a frota do transporte coletivo municipal.
Pensando nisso, a prefeitura paulistana abriu licitações para a renovação de sua frota, a maior da América Latina, já contemplando novas medidas ambientais. Uma legislação de 2018 considera a transformação gradual dos veículos atuais para modelos de energia mais limpa. No entanto, a realidade da cidade exige medidas ainda mais ousadas.
Embora a renovação da frota do transporte coletivo seja necessária, o mesmo deve ocorrer com os veículos particulares, um mercado que tem crescido, mas que esbarra em problemas práticos. Um deles se refere ao altíssimo custo desses veículos, ainda que durante a vida útil do veículo elétrico a recarga seja mais barata do que os combustíveis comuns e isso possa compensar o preço inicial do automóvel, ele ainda custa o dobro dos carros movidos a álcool e a gasolina.
Por isso, mais que mexer na frota do transporte coletivo ou criar condições para que o mesmo ocorra nos veículos particulares — ambas medidas fundamentais e que devem guiar os gestores públicos —, é necessário que o transporte coletivo seja reformulado de forma que possa competir com o particular.
Isso pode ocorrer por meio da integração de modais, com a criação de estacionamentos de bicicletas ao lado de estações de ônibus e metrôs, por exemplo, estimulando o uso de ônibus e também da mobilidade ativa, com benefícios para a saúde, a economia e o meio ambiente.
Dessa maneira, um único ônibus pode tirar várias dezenas de carros da rua. Esse é o desafio com maior potencial de cuidado ambiental e melhoria na qualidade de vida da população.
Fonte: Mobilize, P4G.
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