Entenda por que esse conceito ainda hoje é discutido e de que forma pode fomentar cidades mais sustentáveis
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Cidades mais sustentáveis e ruas pensadas para pessoas, a presença de árvores, ar puro e equilíbrio urbano. Certamente, essa ideia lhe parece familiar. Durante a pandemia, o mundo inteiro voltou a atenção para propostas em que o cenário urbano promovesse o acesso à cidade de forma prática, saudável e harmoniosa. É o caso da cidade de 15 minutos.
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Mas esse tipo de olhar não vem de hoje. No fim do século 19, quando as cidades europeias se tornavam cada vez mais cheias, complexas, poluídas e desiguais, o pré-urbanista Ebenezer Howard propôs o conceito de cidades-jardim, que unia os benefícios do campo e da urbanização em um só espaço.
Era especialmente relevante investigar e debater as relações campo-cidade naquele tempo. Em primeiro lugar, porque a migração de pessoas do meio rural para os centros urbanos era intensa e crescente, e o futuro desse fluxo tão novo na história intrigava os intelectuais.
Além disso, era preciso pensar soluções para o modelo que estava se formando. As cidades estavam cada vez mais cheias, a qualidade de vida da população ficava comprometida gradualmente e esse cenário poderia se tornar insustentável em algum momento.
Para explicar esse fenômeno, Howard definiu cidade e campo como dois ímãs que atraíam as pessoas para si. Nessa esquematização, o estudioso listou os pontos fortes e as fragilidades de cada espaço.
O campo, por exemplo, oferecia sol brilhante e beleza natural, mas faltava entretenimento e espírito público, bem como apresentava desemprego e baixos salários por longas jornadas. Já na cidade, era possível encontrar oportunidades sociais, altos salários e ruas iluminadas, mas nevoeiros, seca, afastamento da natureza e distância maior do trabalho.
A questão colocada sobre esse panorama foi: é possível aproveitar o lado bom dos dois espaços? E Howard responde que sim, propondo uma nova via: um terceiro ímã que integrasse os benefícios de ambos. A ele, o estudioso chamou de cidade-campo ou cidade-jardim.
A ideia foi defendida em 1898, no livro que foi traduzido no Brasil como Cidades Jardim do Amanhã. Para Howard, essa solução posta em prática culminaria em “uma nova esperança, uma nova vida e uma nova civilização”.
No ano seguinte ao da publicação da obra, foi criada a Associação Cidade-Jardim para divulgar e promover o modelo proposto pelo inglês. Desse movimento, surgiram cidades como Welwyn Garden City, Stockfeld Garden City e Letchworth Garden City. Marco no urbanismo, o conceito também inspirou o planejamento de metrópoles como Canberra, na Austrália.
As influências chegaram ao Brasil em Goiânia (Goiás), Maringá, Umuarama e Cianorte (todas no interior do Paraná), carregando muitos traços dessa alternativa.
A leveza do campo e as oportunidades do espaço urbano: nunca foi tão importante unir o melhor dos dois mundos. É nesse sentido que o projeto de cidade-jardim tem tanto o que resgatar no momento atual.
Um dos aspectos contemplados no projeto de Howard são os espaços predominantemente verdes. Eles têm amplos parques e praças, com árvores capazes de reter gotas de água que evaporam, reduzindo o calor e o impacto térmico da luz solar. O melhor disso é que o morador da cidade-jardim tem acesso a tudo ao seu redor, mesmo estando em uma área verde.
Fonte: Portal Humanidades, Habitare, Cidades-Jardins de Amanhã.
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