Cidades planejadas também sofrem com mobilidade urbana no Brasil

11 de março de 2020 4 mins. de leitura

Planejamento priorizou transporte individual de passageiros

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No Brasil, temos vários exemplos de grandes cidades planejadas a partir do zero, como Brasília, Belo Horizonte e Goiânia. Em comum, todas foram pensadas e construídas depois da invenção do automóvel e do metrô, na metade do século XIX. Ainda assim, não conseguiram evitar os problemas de tráfego.

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Belo Horizonte está entre as 100 cidades mais congestionadas do mundo, segundo levantamento realizado pela empresa GPS Tomtom em 2018. Brasília sofre com engarrafamentos, principalmente, em sua zona central e em algumas das principais vias de acesso à cidade. Uma pesquisa realizada pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg) mostra que a população dá uma nota de 3,97, em uma escala de 10, ao trânsito de Goiânia.

Enquanto as ruas e avenidas foram concebidas com o planejamento dessas cidades, o metrô foi adicionado tardiamente. A população de Belo Horizonte teve acesso ao sistema metroviário em 1986, quase 100 anos depois de sua inauguração. O metrô de Brasília só foi aberto para a população em 2001, com a capital prestes a comemorar meio século de vida. A capital de Goiás, fundada em 1933, apesar de planejada, sequer possui sistema metroviário.

(Fonte: Shutterstock)

A explicação para esse atraso está na dificuldade de se implantar o metrô. O investimento para a sua implantação e operação é maior que o modal rodoviário. Além disso, é necessário um volume de pessoas para torná-lo viável economicamente. Londres, a primeira cidade no mundo a contar com metrô, tinha mais de 3 milhões de habitantes já em 1863, quando o sistema foi inaugurado. A cidade de Goiânia foi estruturada para apenas 50 mil habitantes, o planejamento inicial para Belo Horizonte era de 300 mil pessoas, e Brasília esperava receber 500 mil habitantes.

Assim, todo o planejamento de mobilidade dessas cidades foi criado a partir do transporte individual de veículos. Até o aumento exponencial do número de automóveis nas ruas brasileiras, os problemas eram menos evidentes. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2006 circulavam cerca de 27 de milhões de carros no país. Em 2018, esse número dobrou para quase 55 milhões de veículos.

A capital federal tinha 682 mil carros, em 2006, e passou para quase 1,3 milhão em 2018, enquanto a capital de Goiás cresceu de uma frota de 357 mil para 617 mil automóveis. Já Belo Horizonte aumentou duas vezes e meia o número de veículos em suas ruas, saltando de 665 mil veículos para quase 1,5 milhão nos 12 anos da série histórica. Com isso, aumentaram os congestionamentos nas capitais.

Planejamento de mobilidade para massas

O projeto de mobilidade por Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) de Goiânia existe há quase uma década, mas ainda não saiu do papel. A cidade tem mais de 1,3 milhão de habitantes e conta com um sistema de Bus Rapid Transport (BRT) para o transporte de massas na capital e região metropolitana. No entanto, especialistas afirmam que o sistema está saturado e esse modelo de transporte foi ultrapassado pelo VLT.

(Fonte: Shutterstock)

Aguardada desde 1998, a expansão dos 28 quilômetros da malha de metrô de Belo Horizonte gerou até a criação do bloco de carnaval “Esperando o Metrô”, que chegou a provocar em 2019 uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir o tema. Mesmo assim, o metrô viu o número de passageiros evoluir de 57 milhões em 2012 para 58 milhões em 2018, segundo dados da Confederação Nacional de Transporte (CNT) e da Companhia Brasileira de Trens (CBTU).

Em Brasília, o metrô aumentou o número de passageiros de 39 milhões em 2011 para 58 milhões em 2018, conforme dados da CNT e do Metrô DF. O sistema de 42 quilômetros está sendo expandido e, em 2020, uma nova estação funciona em período experimental. Ainda assim, apenas 4,9% da população usava essa opção para se locomover diariamente em 2016, segundo informações da CNT. O número está bem abaixo dos de outras capitais, como Belo Horizonte, onde 8% das pessoas usavam o meio de transporte.

Fontes: Agência Brasil; IBGE; CNT;CBTU; Assembleia Legislativa de Minas Gerais; GPS Tomtom; Transport for London; Secretaria da Casa Civil do Estado de Goiás; Prefeitura de Goiânia; IPEA; MetrôDF

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