Saiba como funciona uma estrada eletrificada

3 de setembro de 2019 5 mins. de leitura

Suécia e Alemanha contam com tecnologia que alimenta caminhões híbridos

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Um dos maiores desafios atuais da indústria de transporte é encontrar alternativas sustentáveis para causar o menor impacto ambiental possível. As estradas eletrificadas são, assim como os carros elétricos e híbridos, uma das iniciativas para diminuir o uso de combustíveis fósseis, além de uma solução tecnológica para a geração de energia.

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As estradas elétricas são equipadas com um sistema de distribuição de energia semelhante ao usado nas linhas de trem da Europa. As catenárias, como são chamados os condutores elétricos aéreos, alimentam caminhões híbridos com dois meios de propulsão: o primeiro é o motor convencional a diesel e o segundo é o motor elétrico.

Esses veículos contam com um mecanismo instalado no topo da boleia do veículo, chamado pantógrafo inteligente, que é acionado e levanta para fazer contato com a catenária e obter eletricidade. A mesma conexão não só faz com que o meio de transporte obtenha eletricidade como também devolve à rede a energia cinética gerada, por exemplo, quando o caminhão freia ou reduz a marcha.

Diferentemente dos ônibus elétricos do tipo trólebus, os caminhões conseguem se desconectar da rede quando precisam trocar de pista ou quando ultrapassam a velocidade máxima permitida para o sistema, que é de 90 quilômetros por hora. Durante o tempo em que os veículos estão se movendo com eletricidade, eles não emitem dióxido de carbono e têm eficiência de 80%, duas vezes mais em comparação ao motor tradicional.

Sistema eHighway

(Fonte: Digital Trends/Reprodução)

O projeto eHighway, da empresa alemã Siemens, começou a ser desenvolvido em 2012 em um trecho restrito da estrada com 1,5 quilômetro de extensão. Foram testes que somaram milhares de quilômetros para fazer ajustes até que a primeira via pública, com tráfego aberto, recebesse a novidade.

O sistema pode ser instalado em estradas convencionais que já existem sem causar dificuldades para os demais veículos, que podem continuar utilizando todas as faixas normalmente. O único problema pode ser a limitação de altura causada pelos trechos livres verticalmente essenciais para o sistema funcionar.

De acordo com a Siemens, não são necessárias grandes mudanças na legislação atual para implementar o projeto; entretanto, a instalação custa em torno de 2 milhões de euros (cerca de 9 milhões de reais na cotação atual) por quilômetro, o que pode limitar bastante a popularização do sistema.

A primeira do mundo

(Fonte: Scania/Reprodução)

A primeira estrada eletrificada do mundo foi inaugurada na Suécia em 2016. O país tem o objetivo de fazer com que o setor de transporte não utilize mais combustíveis fósseis até 2030, por isso testou a tecnologia em primeira mão em um trajeto de 2 quilômetros da autoestrada E16 ao norte da capital Estocolmo.

Atualmente, os caminhões de carga representam 15% das emissões de dióxido de carbono no país nórdico. O projeto eHighway pode diminuir esse número no futuro. “O eHighway é duas vezes mais eficiente que os motores convencionais de combustão interna”, explicou o engenheiro chefe do departamento de mobilidade da empresa, Roland Edel, em entrevista à BBC. “Nossa inovação consiste em alimentar os caminhões com a energia que vem das linhas elétricas”, continuou.

O chefe de estratégia da Administração Sueca de Transporte, Anders Berdtsson, também relatou que, por enquanto, a estrada eletrificada é um bom complemento aos modelos de transporte atuais. “Grande parte dos produtos que são transportados na Suécia passa por estradas. As autoestradas elétricas oferecem a possibilidade de libertar os caminhões da dependência do combustível fóssil”, declarou ao jornal inglês.

Linha elétrica na Autobahn

Outro país que também já mostrou interesse por essa nova forma de obter energia foi a Alemanha, que inaugurou em 2017 um trecho de rodovia eletrificada na passagem pelo estado de Hesse, região central do país que é lar também da capital financeira Frankfurt.

A Alemanha já tem um sistema parecido na cidade de Hamburgo, no norte, voltado para o transporte urbano de pessoas. Também desenvolvido pela Siemens, o pantógrafo é instalado nas paradas dos ônibus de linha para fornecer eletricidade aos veículos enquanto eles esperam que os passageiros subam e desçam. O mesmo sistema funciona em St. Mortiz, na Suíça.

A recarga demora alguns minutos e fornece energia com uma potência de 450 kW, o suficiente para que o ônibus consiga andar de uma parada para a outra. A linha 109 da cidade alemã percorre 7 quilômetros sem emissões de partículas ou gases poluentes, utilizando apenas energia elétrica.

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Fonte: BBC, El País.

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