Como um bom desenho urbano facilita a vida do pedestre?

15 de abril de 2020 4 mins. de leitura

Modelo viário centrado nos automóveis é responsável por acidentes de trânsito que atingem quem transita a pé pelas vias

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Os problemas de mobilidade não poderão ser resolvidos apenas com soluções de transporte: bairros permanecerão distantes e segregados, e as pessoas continuarão sem o acesso aos serviços, ao comércio e ao lazer aos quais têm direito.

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Para tornar as cidades mais humanas, inclusivas, agradáveis e seguras, é preciso repensar os espaços para permitir a locomoção de seus habitantes, principalmente de pedestres. Um bom desenho urbano pode ajudar a tornar as ruas mais amigáveis para quem transita a pé.

(Fonte: Shutterstock)

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a maioria dos óbitos em acidentes de trânsito é de usuários vulneráveis, como pedestres e ciclistas. Acidentes de trânsito são a principal causa de morte entre jovens de 5 a 29 anos no mundo. No Brasil, por exemplo, mais de 4 mil crianças morreram em acidentes de trânsito entre 2008 e 2012.

As cidades com os melhores registros de segurança viária no mundo produzem um desenho urbano adequado para pedestres, ciclistas e usuários de transporte coletivo, com o objetivo de reduzir a exposição e o risco de acidentes. A cidade de Gothenburg, na Suécia, por exemplo, introduziu várias medidas de moderação do tráfego e de restrição de carros, diminuindo significativamente o número de mortes no trânsito nos últimos 25 anos.

Transformações no desenho urbano em favor dos pedestres

(Fonte: Shutterstock)

Para construir cidades mais caminháveis, inclusivas, saudáveis, democráticas, eficientes e ambientalmente responsáveis, algumas estratégias podem ser adotadas no desenho urbano dos nossos municípios: redução do tamanho de quadras e de largura de vias, aumento da conectividade viária, melhoria de acessos aos destinos e estímulo a uma maior densidade urbana.

As quadras mais extensas permitem que veículos trafeguem em velocidades maiores, expondo os pedestres a um risco maior. Quarteirões menores reduzem a velocidade de veículos e fornecem melhores condições de caminhada, diminuindo a probabilidade de morte e lesões em pedestres. Para um grau maior de acessibilidade para pedestres, são mais desejáveis comprimentos de quadra entre 75 e 150 metros.

A largura das vias tem forte influência na distância de travessia de pedestres. Além disso, vias mais estreitas moderam o tráfego porque aumentam a percepção dos motoristas de impedimentos ao movimento. A largura das faixas para tráfego de veículos deve ser minimizada, em favor dos pedestres, com instalação das calçadas em ambos os lados da via sempre que possível.

A conectividade da malha viária mede o quão diretas são as rotas percorridas. Uma malha viária altamente conectada tem várias ligações curtas, muitas interseções e um número reduzido de vias sem saída. À medida que a conectividade viária aumenta, as distâncias diminuem e as opções de rotas aumentam, possibilitando viagens mais diretas e criando maior acessibilidade, o que reduz a necessidade de usar carros.

Quando destinos e pontos de interesse onde se concentram usos de trabalho, varejo e de lazer estão localizados em uma curta distância das áreas residenciais, os deslocamentos a pé são estimulados. Além disso, o aumento da densidade populacional pode diminuir a necessidade de infraestrutura, como água e esgoto, influenciando positivamente a segurança viária e também a redução da necessidade de dirigir.

Fonte:  Archdaily, WRI Brasil, ITDP Brasil, WRI Brasil, Journal of Transport, The Fix City Brasil, PUC Minas.

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