Muitas empresas liberaram profissionais para trabalharem em home office com o objetivo de diminuir as chances de contaminação por covid-19, entretanto muitos trabalhadores, sobretudo autônomos ou que atuam em atividades essenciais, ainda precisam sair de casa. Como boa parte deles necessita utilizar o transporte público, como ônibus, trens e metrô, esse pode ser um grande risco.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com Fundação Tide Setubal concluiu que usar o transporte público, trabalhar como profissional autônomo e ser dona de casa são as principais variáveis que impactam nas mortes provocadas pelo coronavírus na cidade de São Paulo.
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O estudo apontou que, nos bairros com maior número de usuários de transporte coletivo, 80% dos óbitos por coronavírus podem estar relacionados à necessidade de deslocamento. Entre as dez regiões da capital com mais vítimas fatais da doença, nove são líderes no número de viagens em ônibus, trem e metrô.
Grajaú, no extremo sul, encabeça o uso do sistema público de mobilidade e o total de trabalhadores autônomos. São mais de 380 mil viagens realizadas por dia pelos moradores, e o bairro ocupa a terceira posição em número de óbitos na capital, com 360 mortes até o início de agosto.
Hospitalizações e deslocamentos
Um estudo realizado pelo LabCidade, ligado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), relacionou o número de hospitalizações por coronavírus e a necessidade de deslocamento durante a pandemia. A pesquisa chegou a conclusões semelhantes às do levantamento da Unifesp. A análise cruzou dados da última Pesquisa de Origem e Destino realizada pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) em 2017, informações de ônibus da São Paulo Transporte (SPTrans) e registros do DataSUS de casos e óbitos causados pelo coronavírus em 96 distritos da capital paulista.
Como se proteger do coronavírus no transporte público?
A pesquisa concluiu que as linhas de ônibus com origem ou destino nos bairros de Capão Redondo, Jardim Ângela, Brasilândia, Cachoeirinha, Sapopemba, Iguatemi, Cidade Tiradentes, Itaquera e Cidade Ademar tiveram maior movimentação de passageiros durante a quarentena. Essas regiões também concentram o maior número de internações por conta das infecções causadas pelo coronavírus.
Cautela nas conclusões
Pesquisadores alertam que não se pode afirmar que o contágio pela doença tenha ocorrido dentro dos veículos de transporte público durante os deslocamentos. No entanto, afirmam que as pessoas mais expostas à covid-19 têm sido os trabalhadores que precisam sair de casa.
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Por essa razão, os estudos indicam que é preciso ampliar o direito ao isolamento para aqueles que não estão envolvidos com serviços essenciais, mas precisam trabalhar para garantir seu sustento. Além disso, é necessário pensar em políticas que protejam os cidadãos em seus deslocamentos.
Os pesquisadores defendem que é preciso elevar o número de ônibus em linhas específicas e aumentar o espaço de terminais e pontos de ônibus com tendas e demarcações para evitar aglomeração e possibilitar o distanciamento físico.
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Fonte: Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing, Agência Fapesp, Agência Brasil, Observatório do Terceiro Setor
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