Motoristas de ônibus estão 70% mais vulneráveis ao coronavírus

5 de maio de 2020 5 mins. de leitura

O risco de contágio é alto para 350 mil condutores de coletivos urbanos e rodoviários do Brasil

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A proximidade física e o contato com outras pessoas tornam a profissão de motorista de ônibus uma das mais suscetíveis à contaminação pelo novo coronavírus. Essa é uma das afirmações de um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

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Os cientistas mapearam o risco de infecção por covid-19 em diversas áreas de atuação brasileiras. Todas as profissões relacionadas a transporte tiveram vulnerabilidade de 70% ou mais, em uma probabilidade bem alta de contrair a doença.

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A metodologia aplicada é a mesma utilizada pelo jornal The New York Times, na qual os pesquisadores brasileiros avaliaram o cenário de trabalho, no contexto da pandemia no País, das ocupações listadas pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), do extinto Ministério do Trabalho e Emprego, e pela Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério da Economia.

Principais profissões atingidas no setor de transporte

O maior número de profissionais do setor que podem ser expostos ao vírus está nos ônibus. Mais de 250 mil condutores de transportes urbanos e cerca de 100 mil rodoviários correm risco de 71% de serem contaminados pela covid-19. Por volta de 12 mil monitores de transporte escolar também enfrentam o perigo de mais de 80% de contágio, enquanto esse índice pode chegar a 85% para mais de 7 mil condutores de ambulância.

Os comissários de voo são os que sofrem maior ameaça no setor, com 90% de exposição ao vírus. No transporte aéreo, pilotos e mecânicos de voo também correm riscos altos de contaminação.

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Operadores de metrô, cobradores de ônibus, motoristas de aplicativo e de táxi correm risco pouco acima de 60% de contaminação, enquanto caminhoneiros e operadores de máquinas têm perigo aproximado de 40%.

Riscos para motoristas de ônibus

(Fonte: Ricardo de O. Lemos / Shutterstock)

Em São Paulo, existem mais de 15 internações e ao menos quatro óbitos de condutores de ônibus, além de 175 casos suspeitos, de acordo com o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas). Em Londres (Inglaterra), já foram registradas 14 mortes de condutores de veículos de transporte público.

Apesar da queda da utilização desse modal, os ônibus continuam garantido a mobilidade urbana no mundo. Os trabalhadores desse setor são essenciais para garantir a chegada de profissionais de saúde e de segurança pública ao trabalho em meio à crise, mas isso os expõem ao contato com um número grande de passageiros em ambientes fechados.

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O risco para motoristas também aumenta porque eles acabam circulando por vários pontos da cidade para exercer a atividade. E a redução do número de veículos nas ruas é apontada por especialistas como um fator adicional de risco, uma vez que colabora para a superlotação dos ônibus, em especial nos horários de pico.

Os profissionais também temem levar o vírus para dentro de casa. Com média salarial de R$ 2,5 mil, os motoristas de ônibus moram geralmente em casas pequenas, muitas vezes dividida com familiares, inclusive pessoas em grupos de risco, como idosos.

Ações de prevenção

(Fonte: Shutterstock)

No intuito de reduzir os riscos de contaminação nos ônibus, desde segunda-feira (04), o Governo do Estado de São Paulo e da Prefeitura da capital paulista.  tornaram obrigatório o uso de máscaras em todos os veículos públicos sob a administração da Prefeitura e do Governo Estadual.

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Especialistas recomendam também que a higienização dos metrôs e ônibus deve ser realizada no início de cada viagem e ser cuidadosa, em especial nos pontos de contato entre os usuários, como corrimãos e assentos. Os passageiros podem colaborar, cobrindo a boca ao tossir ou espirrar e utilizando lenços descartáveis, que devem ser jogados no lixo depois do uso.

Tanto passageiros quanto cobradores e motoristas devem lavar as mãos adequadamente várias vezes ao dia e passar álcool em gel quando necessário. Ao chegar em casa, os profissionais devem evitar entrar com os calçados que usaram no trabalho e tomar banho antes de ter qualquer contato com objetos ou pessoas..

Fonte: Agência Brasil, UFRJ, ImpactoCovid, ANTP, SindiMotoristas, SPTrans

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