Mulheres são as mais afetadas por crise no transporte público

16 de julho de 2021 4 mins. de leitura

Problemas no setor prejudicam ainda mais a rotina de quem já enfrentava dificuldades em deslocamentos cotidianos

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Em todo o mundo, mulheres são pauta quando a discussão é o uso do transporte público. Elas são a maioria no uso desse serviço. Segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, 43% dos deslocamentos delas são feitos por meio de ônibus, metrô ou trem, e 32,5% são a pé. 

Considerando os papéis sociais a que estão associadas, mulheres realizam atividades como carregar compras, acompanhar crianças, entre outras, realizando viagens mais curtas, porém mais frequentes.

Além da flexibilidade a ser disponibilizada, deve-se dar uma atenção especial em relação à segurança delas. Uma pesquisa da Rede Nossa São Paulo, divulgada em março de 2020, revelou que 43% das usuárias de ônibus e metrô da capital já sofreram assédio em viagens. Desde que esse mesmo estudo começou a ser feito, em 2018, é o índice mais alto registrado.

Pandemia agravou a crise do transporte público

Com o novo vírus, os cuidados no transporte público foram redobrados. (Fonte: Pexels)
Com o novo vírus, os cuidados no transporte público foram redobrados. (Fonte: Pexels)

Com a pandemia gerada por causa do novo coronavírus e a consequente redução de veículos em circulação, o perigo aumenta. Isso porque o tempo de espera nos pontos em ruas vazias ficou mais longo, principalmente quando é preciso aguardar ainda mais para evitar lotações que podem causar contaminação. 

Um levantamento recente mostra que, neste momento de crise, os principais motivos apontados por passageiros para definir qual é o meio de transporte que vai escolher são o grau de aglomeração (29%), a segurança que o transporte oferece (20%), a facilidade de acesso ao meio (14%) e o risco de contaminação (14%). 

Se a escolha for um táxi ou transporte por aplicativo, no entanto, o gasto pode subir bastante. Optar por comprar um carro ou moto pode ser outra saída impossível em termos de custo. Essa dinâmica também prejudica a mobilidade urbana de modo geral, com um fluxo maior de automóveis nas ruas.

A falta de políticas públicas nesse sentido impede que mulheres estudem ou assumam empregos que dependam de locomoção, por exemplo, por conta do desgaste físico e emocional a que são submetidas. O ciclo acaba por desfavorecê-las ainda mais econômica e socialmente.

Mudança de perspectiva

Estratégias digitais apresentam novas possibilidades de apoio a mulheres que usam transporte coletivo. (Fonte: Pexels)
Estratégias digitais apresentam novas possibilidades de apoio a mulheres que usam transporte coletivo. (Fonte: Pexels)

Entre as propostas já em vigor para mudar essa realidade, está o desenvolvimento de um aplicativo criado pelo Banco Mundial. Ele funciona como relatório de violações a partir de um código de conduta do setor criado pelo Banco e pelo Ministério dos Transportes em 2019.

Outra alternativa diz respeito às medidas regionais. Em algumas cidades do Brasil, por exemplo, idosos e mulheres têm o direito de solicitar a parada de ônibus em local fora dos pontos em horários considerados perigosos, geralmente das 22h às 5h. O motorista que não atender às solicitações pode, inclusive, ser multado.

Um terceiro exemplo de solução nesse sentido é o Mapa do Acolhimento, um site com o propósito de facilitar o acesso de mulheres vítimas de violência ao atendimento psicológico e jurídico sem custo. A rede funciona de forma solidária. Da mesma maneira, o Vamos Juntas? estimula a união entre mulheres em espaços públicos, bem como o compartilhamento de caronas e informações de rotas seguras.

Com a união entre governo, empresas e entidades da sociedade civil, pode-se guiar a superação de problemas e evolução nesse âmbito, seja atualmente, seja depois que o cenário da pandemia for superado. 

Fonte: Urbannet, World Bank Blog, Mapa do Acolhimento, Movimento Vamos Juntas?

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