Depois de vários projetos e orçamentos, capital paranaense continua apostando em outros modais
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Curitiba é conhecida no setor de mobilidade pelo transporte público, que é copiado no mundo inteiro. Entretanto, a capital paranaense também é lembrada pela ausência de uma linha de metrô, mesmo tendo quase 2 milhões de habitantes.
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E não foi por falta de projeto: ao longo das últimas cinco décadas, diferentes propostas foram apresentadas, mas nenhuma foi tirada do papel. A atual gestão, do prefeito reeleito Rafael Greca (DEM), sequer incluiu o modal como proposta de campanha, o que tira ainda mais as esperanças do curitibano de contar com o metrô em curto prazo.
Mas o que aconteceu para que o metrô de Curitiba nunca tivesse iniciado suas obras? Entenda.
Os primeiros projetos de complementos ou alternativas aos ônibus de Curitiba datam de 1969, início das obras do metrô de São Paulo. A ideia envolvia apenas uma pequena parte do trajeto sob o solo, e a maior com duas vias na superfície.
Em 1975, os estudos preliminares foram retomados, agora levando em conta a instalação de uma linha de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) como alternativa. Novamente, eles não seguiram adiante.
Já em 1990, surge uma ideia mais concreta: a linha Norte-Sul, em regiões atendidas por ônibus de alta demanda. O projeto avançou por mais uma década, com o prefeito eleito em 1998, Cassio Taniguchi (PFL), fechando acordos com o governo federal. Entretanto, a obra não caminhou: o metrô virou promessa clássica de campanhas eleitorais por anos.
Até que, em 2009, surge o projeto da Linha Azul, que chegou a concluir um estudo de impacto ambiental. A pesquisa sugeria uma linha com 22,4 quilômetros de extensão e 21 estações ligando as Regiões Norte e Sul da cidade. O investimento chegava a cerca de R$ 3,6 bilhões.
Atrasos na licitação, que seria uma parceria público-privada (PPP), levaram o edital a ser reformulado mais de uma vez. Segundo o portal Mobilize, a liberação de orçamento extra com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) da Copa do Mundo de 2014 renovou as expectativas, mas outros projetos acabaram contemplados.
Desde 2016, quando a última logo do projeto foi apresentada, não foram registrados avanços. O projeto da Linha Azul foi descartado.
No decorrer de décadas de projetos, os custos da obra e a demora na implementação afastaram as gestões municipais do sonho do metrô. O ônibus, já foco de evolução há muito tempo, ainda é a forma mais barata de transporte público para o curitibano.
Gestores como o ex-prefeito e arquiteto Jaime Lerner, reconhecido como um dos responsáveis pela modernização da cidade a partir da década de 1970, sempre se mostraram contrários ao modal como “solução mágica” para o transporte público, e esse pensamento acabou fortalecido ao longo dos anos.
Por isso, o orçamento do setor de mobilidade na capital é destinado aos modais já implementados. Obras de adaptação e melhorias nas ruas e nos veículos foram e continuam sendo priorizadas.
Curitiba ainda pode ganhar uma linha de metrô. Porém, a cada ano que passa, o projeto parece cada vez mais distante da realidade. A cidade continua sendo um modelo em transporte coletivo, mas agora é focada em outros projetos.
As últimas gestões municipais ampliaram investimentos nos ônibus, que foram modernizados, ganharam faixas exclusivas e tiveram até linhas convertidas para veículos elétricos ou híbridos.
As ciclovias seguem expandindo na capital e obras como a do Ligeirão, um ônibus que só para em estações-chave e terminais, e a Linha Verde, um corredor expresso na BR-116, tornaram-se prioridade. Porém, como o histórico indica, nada impede que outro projeto surja e volte a ocupar o imaginário do curitibano.
Fonte: Prefeitura de Curitiba, Mobilize.org.
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