Prefeitura rejeita pedido de muro entre Morumbi e Paraisópolis

20 de julho de 2020 3 mins. de leitura

Para especialistas, polêmica envolvendo bairros paulistanos evidencia desigualdade socioespacial no Brasil

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No final de junho deste ano, a Associação dos Amigos do Jardim Vitória Régia, na região do Morumbi, em São Paulo, solicitou em ofício à Secretaria de Meio Ambiente do município a construção de um muro separando a região do bairro de Paraisópolis. O pedido veio durante a construção de um parque entre os dois bairros. Na última semana, a Prefeitura de São Paulo negou o pedido.

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A associação, que representa 250 moradores do Morumbi, chegou a pedir a exclusão do acesso à construção do parque pelo bairro. A entidade também solicitou a proibição de piqueniques e apontou preocupações como a poluição sonora. Entretanto, a Prefeitura confirmou a abertura do acesso.

Desigualdade socioespacial

Construções de edifícios no Morumbi contrastam com moradias improvisadas da segunda maior favela de São Paulo. (Fonte: Shutterstock)

As duas regiões são separadas apenas por uma faixa de área verde e exemplificam as muitas cidades que podem caber em uma só quando se fala em disparidade econômica e social no cenário urbano. Para alguns especialistas, a solicitação do muro é uma alegoria concreta dessa divisão.

O Morumbi possui um Índice de Desenvolvimento Humano de 0,938 — semelhante aos cinco melhores da Europa, como Alemanha e Islândia. Alguns locais do bairro, como o Portal do Morumbi, têm IDH máximo (1,00), segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras.

Contrastes entre Morumbi e Paraisópolis podem exemplificar a desigualdade socioespacial comum no Brasil. (Fonte: Shuttertsock)

Paraisópolis, por sua vez, tem IDH de 0,639, com média um pouco abaixo da de países como Namíbia e Cabo Verde. Esse tipo de desigualdade socioespacial é comum, sobretudo, em países de capitalismo dependente, como o Brasil. Nesse contexto, o direito à cidade é comprometido pela desigualdade social, e o desenho urbano reproduz e reforça as diferenças socioeconômicas.

Em um lado há um urbanismo planejado, que permite melhor qualidade de vida e acesso à cidade; no outro, há uma necessidade ainda de regularização fundiária, instalação de infraestrutura urbana básica, além de uma série de outros investimentos públicos e privados que propiciem oportunidades de educação, saúde, renda e lazer.

Fonte: Atlas Brasil, Prefeitura de São Paulo, Mapa da desigualdade.

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