Quando o metrô é uma alternativa viável?

23 de março de 2020 4 mins. de leitura

Entenda por que nem sempre a implementação de um sistema metroviário é vista com bons olhos

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As grandes cidades brasileiras sofrem com problemas de mobilidade urbana. Congestionamentos acusam um tráfego pesado e riscos de acidentes, enquanto o número de veículos nas ruas contribui para o aumento da poluição.

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Encontrar soluções em mobilidade é o grande desafio da administração pública, e a expansão de linhas de metrô está entre as principais saídas indicadas para esse tipo de entrave. Isso porque nem sempre os ônibus resolvem o problema, por motivos que vão da relativa falta de agilidade ao aumento do crescimento populacional.

Seria, então, um sistema metroviário a melhor solução para as grandes metrópoles? A resposta é: depende da situação e do ponto de vista.

Metrô como solução para a mobilidade no Brasil

De acordo com a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), o transporte metroviário pode ser uma solução para cidades de médio e grande portes. Marcus Quintella, doutor em Engenharia de Transportes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que esse sistema promove grandes benefícios, tanto tangíveis quanto intangíveis, desde que haja um bom planejamento e uma integração eficaz com outros meios de locomoção.

A megacidade de São Paulo é um exemplo de onde o transporte sobre trilhos deu certo. Apesar de ter um dos trânsitos mais caóticos do País, tem boa integração com outras opções, e sua rede metroviária é a maior do Brasil, com aproximadamente 371 quilômetros de extensão, 183 estações e 13 linhas, segundo dados do Metrô SP.

Salvador (BA) também figura entre as capitais que criaram um sistema metroviário bem-sucedido. Segundo a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), a cidade baiana tem um dos sistemas de metrô que mais expandiram em 2017 e está eliminando o déficit da mobilidade urbana.

(Fonte: Pixabay)

Quando o transporte sobre trilhos não é viável

Nem todo especialista no assunto acredita no metrô como saída eficaz — ao menos não em todas as grandes cidades. Uma publicação da seção “Em Discussão” do site do Senado Federal, por exemplo, aponta para fragilidades da proposta que, segundo o estudo, é mais cara e nem sempre resolve os problemas.

Na mesma publicação é citado um argumento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre o retorno dos investimentos aplicados em transportes. Sistemas de ônibus se pagam com a venda de passagens, ou seja, há o retorno dos recursos investidos, portanto são viáveis; nas estruturas metroviárias não acontece o mesmo, uma vez que seria preciso cobrar tarifas exorbitantes dos passageiros para pagar o custo. Isso significa que, mesmo que haja recursos para investir na implementação de metrô, as despesas para operá-lo precisam ser subsidiadas pelo governo, o que dificulta o projeto.

Florianópolis (SC) tem um problema sério de mobilidade, principalmente na parte insular. A ilha sofre com o crescimento populacional, e as opções de infraestrutura são feitas de acordo com o que cabe no espaço geográfico limitado. Já houve muito debate sobre a viabilidade de um sistema metroviário de superfície, mas o então vice-prefeito declarou que, para o projeto ser viável, seria necessária uma população de 1 milhão de habitantes, e a capital não chega a isso.

Curitiba (PR) também considerou inviável a implementação da eletromobilidade. A avaliação foi feita pela Urbanização de Curitiba (Urbs), empresa que administra o transporte coletivo da cidade. A causa da dificuldade seriam os altos custos operacionais. Ainda assim, a cidade é referência em mobilidade urbana devido à sua estrutura de ônibus coletivos bem-vista no mundo todo.

Tanto Florianópolis quanto Curitiba tiveram Pesquisa de Manifestação de Interesse (PMI), mas mesmo assim os projetos não foram levados adiante.

(Fonte: Pixabay)

Outro exemplo de inviabilidade da implementação dos trens aconteceu em Cuiabá (MT). Um projeto de metrô foi analisado pela Controladoria Geral da União (CGU), que apontou que a operação do sistema acarretaria prejuízos aos cofres públicos.

De acordo com o órgão, para operar o novo sistema de transporte, os custos gerariam um déficit de R$ 1,64 milhão mensalmente. O objetivo era que o metrô estivesse funcionando para a Copa do Mundo de 2018, mas as obras foram paralisadas e não há informações sobre a retomada.

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