Brasil sofre com a dependência de transportes rodoviários e de combustíveis fósseis. Apesar do alto preço das tarifas, o serviço desagrada. Saiba mais.
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Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 88,8% dos brasileiros que usam transporte público dependem de ônibus. Estima-se que mais de 170 milhões de pessoas utilizem o modal diariamente no País.
Enquanto muitos países desenvolvidos investem em veículos sobre trilhos e na integração de modais, o Brasil parece ter ficado preso e dependente do transporte rodoviário, tanto para cargas quanto para o transporte de passageiros.
Apesar de algumas empresas apostarem em veículos elétricos, a grande maioria do ônibus do Brasil ainda utiliza combustíveis fósseis, o que, além de poluir mais, ainda deixa a população suscetível a variação dos preços que ocorrem pela flutuação do valor do petróleo.
A Numbeo, empresa de pesquisas internacionais, analisou os preços do transporte público em mais de cem países. O Brasil está na 55ª posição das nações com o ticket mais caro. Considerando todas as cidades e os diferentes modais de transporte, o brasileiro paga em média R$ 4,40 para se deslocar.
Um levantamento feito pelo portal G1 no final de novembro mostrou o preço que os brasileiros pagam para andar de ônibus nas capitais do País. Em média, o usuário desembolsa R$ 4,10 para se deslocar.
Em algumas cidades, porém, a situação é bem pior. Na capital do País, Brasília, o ticket de ônibus custa R$ 5,50. A segunda capital mais cara é Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde o preço chega a R$ 4,80. Ficam empatadas na terceira posição: Belo Horizonte, Curitiba, Boa Vista e Florianópolis, onde uma viagem de ônibus custa R$ 4,50.
Em seguida, Salvador e São Paulo, com a passagem a R$ 4,40, e, fechando o top 10 das capitais com as tarifas mais caras, Goiânia, com o ticket de ônibus a R$ 4,30 e Campo Grande, a R$ 4,20.
No outro lado da lista, a capital com a passagem de ônibus mais barata é Maceió, com o preço de R$ 3,35. Entre as cinco capitais mais baratas ainda se encontram São Luís, com a passagem a R$ 3,70, Fortaleza e Belém a R$ 3,60 e Rio Branco a R$ 3,50.
A situação ainda pode piorar. Nos últimos 12 meses o preço do diesel acumulou uma alta de 65%, segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A maioria das cidades brasileiras segurou o preço das tarifas do transporte público desde o início da pandemia de covid-19, mas a situação está ficando insustentável. Prefeitos afirmam que os municípios estão bancando a diferença do aumento e o nível de endividamento está crescendo.
Em São Paulo, o ticket de ônibus está congelado em R$ 4,40 desde janeiro de 2020 e o prefeito Ricardo Nunes e o governador João Dória acusam o governo federal de não ajudar. A cidade com o maior número de habitantes do País precisou desembolsar R$ 3,3 bilhões para as empresas de transporte para quitar a diferença.
A Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) levou dez prefeitos até o Palácio do Planalto para pedir ajuda ao governo federal. O medo é que aconteçam reajustes altos em ano eleitoral, o que pode ser um estopim para novos protestos, como os que aconteceram em 2013.
Apesar dos altos preços, os serviços de transporte por ônibus ainda deixam muito a desejar. Segundo pesquisa do Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), 32% dos brasileiros consideram esses serviços como ruins, enquanto apenas 24% os consideram bons. Entre as maiores reclamações estão o tempo gasto para se chegar aos destinos, 75% dos passageiros viajam por mais de uma hora. A segunda maior reclamação é sobre o preço das tarifas.
Fonte: IPEA, Mobilize, EBC