Crescimento horizontal custa mais e agrava problemas da cidade

15 de abril de 2020 4 mins. de leitura

Crescimento urbano compacto poderia economizar mais de US$ 17 trilhões com infraestrutura até 2050

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Calcula-se que 55% da população mundial vivem em áreas urbanas, número que deve subir para 68% até 2050. Alguns países já superaram essa proporção; um exemplo é o Brasil, onde 85% dos 202 milhões de habitantes moram em cidades.

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Até 2050, 2,5 bilhões de pessoas devem ser acrescidas às áreas urbanas, com quase 90% desse aumento ocorrendo na Ásia e na África, de acordo com informações da Organização das Nações Unidas (ONU). Juntos, Índia, China e Nigéria serão responsáveis por 35% do crescimento projetado da população urbana mundial entre 2018 e 2050.

À medida que o mundo continua a se urbanizar, o crescimento urbano horizontal e não planejado aumenta os custos do fornecimento de serviços, aprofunda as desigualdades espaciais e impõe pesados encargos econômicos e ambientais. Um relatório do New Climate Economy — comissão global que analisa riscos e oportunidades das mudanças climáticas — indica que o crescimento compacto das cidades, em oposição ao crescimento horizontal, pode gerar uma economia de US$ 17 trilhões até 2050.

Como o crescimento horizontal afeta a cidade

(Fonte: Shutterstock)

Cidades com crescimento horizontal — também chamadas de cidades espraiadas — são mais desiguais socialmente e ainda geram mais emissões de gases do efeito estufa, pois obrigam as pessoas a realizarem deslocamentos mais longos, provocando congestionamentos e poluição ambiental.

A dispersão do espaço urbano reduz a acessibilidade geral, diminuindo as oportunidades de emprego, especialmente para pessoas de baixa renda. A mobilidade é melhor em áreas compactas do que em áreas extensas, o que resulta em melhor acesso a empregos e menos segregação de renda em áreas mais compactas.

As cidades espraiadas apresentam custos de transporte e habitação mais elevados que as compactas. Ao comparar as 25 maiores cidades compactas dos Estados Unidos e as 25 maiores cidades espraiadas, é possível observar que moradores das compactas dedicam 40,4% do seu orçamento à habitação e ao transporte, em comparação com 49,9% das cidades inacessíveis.

Construir e oferecer serviços públicos em áreas espraiadas é mais caro do que em áreas compactas. À medida que as cidades se espalham, limitações na capacidade técnica e financeiras restringem a capacidade de empresas de serviços públicos. Informações de cidades indianas e africanas demonstram que o acesso a vários serviços urbanos cai acentuadamente, mesmo a apenas 5 quilômetros do centro da cidade. Como resultado, entre 25% e 70% das populações urbanas do Hemisfério Sul dependem de meios alternativos e informais para conseguir os serviços essenciais, muitas vezes mais caros e inseguros.

(Fonte: Shutterstock)

Além disso, uma expansão urbana não planejada traz uma sobrecarga na infraestrutura urbana, especialmente quanto ao uso da terra. Regulamentações ineficazes do uso do solo e algumas condições de mercado podem impulsionar a expansão urbana, mas empurram habitações para locais sem serviços ou mal-atendidos na periferia da cidade, em áreas ambientalmente frágeis, muitas vezes sem condições de habitabilidade.

Como evitar ou reduzir os problemas do espraiamento

Para evitar ou reduzir os efeitos do espraiamento das cidades, o poder público deve procurar diminuir a desigualdade territorial, desincentivando a especulação de terra por meio de regulamentos. Além disso, deve aumentar o espaço urbano com infraestrutura, por meio de parcerias para financiar os serviços essenciais. E o mais importante: deve integrar os espaços urbanos informais existentes, criando densidade econômica, ao formar núcleos que proporcionem serviços e oportunidades de emprego no locais de moradias populares.

O aumento da densidade urbana, proporcionado pela verticalização, também pode ser uma solução, pois pode reduzir investimentos de infraestrutura e facilitar o oferecimento de serviços públicos. O processo de crescimento das cidades deve ser realizado de forma compacta e multimodal, oferecendo boas condições de caminhabilidade, ciclismo e transporte público para manter a acessibilidade do transporte, visando à eficiência em termos de recursos e à maximização da acessibilidade geral.

Fonte: WRI Brasil, ONU, Ufal, The City Fix Brasil.

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