Estudo aponta que caminhada com propósito, como ir ao trabalho, tem melhor efeito para a saúde do que atividade realizada por lazer
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Os efeitos positivos da caminhada têm impulsionado um número crescente de estudos nas áreas de saúde pública e planejamento de transporte. Um nova pesquisa, realizada pela Universidade de Ohio, analisou os efeitos de caminhar de acordo com diferentes objetivos e descobriu que deslocamentos a pé para o trabalho têm maior impacto na saúde das pessoas do que caminhadas de lazer.
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O estudo foi desenvolvido a partir da Investigação Nacional de Viagens Domésticas, um conjunto de dados norte-americanos recolhidos entre abril de 2016 e maio de 2017. Os pesquisadores analisaram 125.885 avaliações de saúde de adultos com idade entre 18 e 64 anos que registraram o número de minutos que passaram caminhando por diferentes motivos.
De acordo com cada finalidade dos deslocamentos a pé, como de casa para o trabalho, de casa para as compras, de casa para atividades recreativas e caminhadas em viagens, as pessoas classificaram o sentimento de saúde em uma escala de 1 a 5. A pesquisa concluiu que caminhar com um propósito, independentemente da duração, aumenta a sensação de saúde.
O estudo, que foi publicado no Journal of Transport & Health, apontou que isso se deve em boa parte ao fato de as pessoas andarem de forma mais rápida quando estão indo trabalhar. A velocidade média da caminhada para o trabalho é de 4,32 quilômetros por hora, enquanto o ritmo dos passos em momentos de recreação é de 4,1 quilômetros por hora. Os autores da análise afirmam que isso sugere que diferentes finalidades de viagem podem ter resultados variados em processos metabólicos distintos para fins de estimativa de gasto de energia.
Os pesquisadores também descobriram que as caminhadas que começam em casa são geralmente mais longas do que as iniciadas em outro lugar. A equipe registrou que 64% dos percursos a pé saindo de casa duram pelo menos dez minutos, enquanto 50% dos deslocamentos que saem em outro local não são tão longos.
Andar traz benefícios como a promoção de bem-estar e qualidade de vida, estimulando a produção de endorfina no corpo. Segundo um estudo da New Mexico Highlands University, a caminhada melhora o fluxo de sangue para o cérebro, sendo uma aliada para o fortalecimento da memória, o combate à depressão e o declínio cognitivo.
Além dos benefícios à saúde, andar a pé tem baixo custo e é o modo de transporte mais democrático e mais acessível. O incentivo aos pedestres proporciona a revitalização de espaços públicos e maior fluxo de pessoas em comércios locais e contribui para a diminuição de congestionamentos, melhorando a qualidade do ar e reduzindo a poluição sonora nas cidades.
A caminhabilidade é um tema que ficou esquecido durante mais de meio século enquanto as cidades eram planejadas para veículos motorizados, mas a micromobilidade vem ganhando importância nos últimos anos, com a elaboração de políticas públicas que pensam rotas para deslocamentos a pé e por bicicleta com segurança.
Para garantir a mobilidade de pedestres, é necessário haver um planejamento urbano que considere, entre outros fatores, o dimensionamento adequado de calçadas com materiais empregados de forma correta, presença de árvores, iluminação dedicada e mobiliário urbano adequado. Além disso, deve considerar o tempo dos trajetos e a integração com outros modais do sistema público de transporte.
Fonte: Universidade de Ohio, Journal of Transport and Health, Onmobih, Cidade a pé
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