Ciclovias nas periferias de SP poderiam gerar economia ao trabalhador

11 de março de 2020 3 mins. de leitura

Em um ano, trabalhador poderia comprar uma bicicleta e ainda poupar o dinheiro que seria gasto no transporte público

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O hábito de pedalar está associado ao lazer, à prática saudável de atividade esportiva, além da preocupação com a poluição do meio ambiente. Porém, o veículo é uma opção cada vez mais utilizada para locomoção nas grandes cidades.

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Segundo dados da pesquisa Origem Destino, do Metrô de São Paulo, em 2017, quase 70% dos deslocamentos de bicicletas na região metropolitana da capital paulista foram realizados para ir ou voltar do trabalho. Mais da metade das pessoas que usam essa opção de transporte tem renda familiar de até quatro salários-mínimos, de acordo com o estudo.

(Fonte: Shutterstock)

A principal razão para o uso de ciclovias na periferia, no entanto, é econômica. Vila Andrade é o bairro paulistano com maior proporção de residências em favelas, segundo o Mapa da Desigualdade 2019 da Rede Nossa São Paulo. Quem vive por lá e precisa se deslocar diariamente com o transporte público para a Avenida Paulista, por exemplo, gasta pelo menos R$ 306 mensais com a integração de ônibus e metrô para ir e voltar. Com esse valor, em apenas dois meses, é possível comprar uma bicicleta nova.

O tempo gasto com o transporte público ou com a bicicleta entre os destinos citados é o mesmo: cerca de uma hora. O maior trecho do trajeto, porém, é feito com insegurança, uma vez que não há ciclovias ou ciclofaixas em quase todo o percurso. Boa parte da estrutura cicloviária da cidade ainda está localizada em zonas centrais e bairros nobres e serve mais ao lazer do fim de semana do que ao deslocamento cotidiano. Ruas que garantem a segurança de ciclistas em deslocamentos dentro dos bairros e até em ligações entre a periferia e o centro ainda são exceção.

(Fonte: Shutterstock)

A preocupação com a segurança é essencial. Na capital paulista, em 2019, 36 ciclistas morreram, segundo dados do Infosiga, em um crescimento de 63% em relação a 2018. A maioria dos acidentes fatais envolveu colisões com automóveis e ônibus, veículos com os quais os ciclistas têm de compartilhar a via quando não há faixas exclusivas para se pedalar.

Evolução de ciclovias e bicicletas em São Paulo

O número de bicicletas e ciclovias está crescendo exponencialmente ao longo dos anos em São Paulo. Segundo dados do Plano Cicloviário de São Paulo, a rede para bicicletas, em 1997, era de apenas 4 km; em 2012, alcançou 82 km; e, em 2016, atingiu 499 km. Ainda em 2020, a prefeitura promete investir R$ 325 milhões para ampliar o sistema para 676 km. O projeto prevê que 73% de toda a malha cicloviária do município estará integrada ao transporte coletivo.

A evolução tem sido rápida, mas ainda há muito o que fazer. A malha viária do município tem mais de 18 mil km de ruas e avenidas, segundo dados da prefeitura. Informações da Mobilidade do Sistema Viário Principal (MSVP) da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) mostram que, em 2018, as bicicletas representavam apenas 0,74% da frota total de veículos, enquanto quase 79% eram automóveis.

Fonte: Mapa de desigualdade; SP Trans; CETSP; GoogleMaps; Prefeitura de São Paulo; Ciclocidade; Plano Cicloviário de  São Paulo; Infosiga; Origem Destino

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