Problema atinge pedestres, motoristas e passageiros e pode restringir o deslocamento nas cidades
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Motoristas, pedestres, ciclistas e usuários de transporte público, como ônibus, metrô e trem, estão expostos a assaltos e outros tipos de violência.E isso impacta — e muito! — a mobilidade urbana.
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Taxistas e motoristas de aplicativos de transporte também estão entre as vítimas mais comuns. Moradores da periferia ainda têm restrições de locomoção, por vezes ligadas ao crime organizado; e mulheres, além de sofrerem o medo comum ao dos homens, temem o assédio sexual.
Enquanto as classes média e alta acabam se fechando em condomínios e utilizando carros privados para seus deslocamentos, os mais pobres dependem do transporte público, ainda incipiente na maioria das cidades. Isso os expõem a muitos riscos, sobretudo em favelas, como o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. “A violência faz com que mover-se se torne um ato de coragem cotidiana, demandando que os moradores tenham que criar estratégias diárias para simplesmente sair de casa e se deslocar para seus locais de trabalho ou estudo”, aponta a pesquisa “Ninguém entra, ninguém sai — mobilidade urbana e direito à cidade no Complexo do Alemão”.
A pesquisa indica que os moradores de favelas vivem segregados simplesmente por não disporem de meios para chegar às zonas centrais das cidades. A falta de transporte público de qualidade faz com que os cidadãos tenham que usar várias conduções para chegarem a seus destinos, muitas vezes obrigados a adequarem o horário de seus deslocamentos em função de trocas de tiros entre policiais e criminosos.
Violência no transporte público é constante
A Pesquisa Nacional de Qualidade do Transporte, realizada pelo app Cittamobi e o site Diário do Transporte, apontou que 32% das pessoas encaram a falta de segurança como o principal problema dos passageiros de ônibus no Brasil. Em Salvador (BA), terceira maior cidade do País, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia registrou quase 2 mil assaltos a ônibus durante 2019. Mas esse tipo de violência não é exclusividade da capital baiana; relatos de roubos em coletivos são comuns em São Paulo (SP), no Rio de Janeiro (RJ), em Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e Manaus (AM), apesar de não serem divulgadas estatísticas oficiais.
Os assaltos também são comuns nos sistemas metroviários e ferroviários das capitais brasileiras e atingem passageiros e funcionários. Além de roubos e furtos, são relatadas outras situações com certa frequência: arrastões no metrô em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro; sequestros de funcionários, como aconteceu em uma linha de trem da Zona Leste de São Paulo no fim de 2019; e roubo de arma de segurança, como ocorreu em Recife (PE) em dezembro do ano passado.
Há segurança privada das companhias que operam os serviços e as forças públicas de segurança fazem rondas constantes em coletivos, com delegacias especializadas ao combate a furtos e roubos em coletivos. Em São Paulo, a Polícia Militar fez um convênio com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), no fim de 2019, para reforçar o monitoramento nas linhas de trem.
Motoristas de táxi e aplicativo são vítimas de violência
Há muito tempo taxistas são vítimas de violência, com registros de assaltos e mortes em várias cidades brasileiras. Agora, motoristas de aplicativos também são alvos. O livro Super Pumped: The Battle for Uber, que faz um balanço dos 10 anos do aplicativo Uber, indica que pelo menos 16 motoristas da empresa foram assassinados no Brasil em decorrência das frágeis políticas de segurança da plataforma. O autor, Mike Isaac, afirma que carros são roubados e queimados e motoristas são assaltados em uma espécie “Roleta Uber” no Brasil.
Mulheres temem assédio
Uma pesquisa divulgada pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva apontou que o assédio sexual ainda é comum na rotina das mulheres brasileiras. Segundo o levantamento, 97% das entrevistadas disseram já terem sido vítimas de assédio em meios de transporte e 71% conhecem alguma mulher que já sofreu assédio em público. A pesquisa ainda apontou que 46% das entrevistadas não se sentem confiantes para usar meios de transporte sem temerem sofrer assédio sexual.