Pesquisa aponta que brasileiros têm preferido recorrer a aplicativos de transporte para frequentar festas
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As polícias rodoviárias e as companhias municipais de tráfego se preparam para fiscalizar o trânsito em mais um Carnaval, em especial o cumprimento da Lei Seca.
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Caso seja flagrado dirigindo alcoolizado, o motorista tem de pagar multa de quase R$ 3 mil e ainda correr o risco de ter o veículo apreendido, perder a carteira de motorista e até ser preso. Por isso, os brasileiros têm preferido utilizar o aplicativo de mobilidade como forma de seguir a lei.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha para o Observatório Nacional de Segurança Viária, divulgada em 2019, 68% dos brasileiros que vivem em regiões metropolitanas deixaram de dirigir após beber e passaram a usar aplicativos de transporte. O estudo apontou ainda que 64% dos entrevistados concordam que as pessoas no passado combinavam bebida e direção por falta de opção de transporte, e 73% dos brasileiros consideram que as pessoas deixaram de beber e dirigir por conta da chegada dos apps.
Quase 50% dos entrevistados afirmaram utilizar aplicativos de transporte quando vão para festas. Pouco mais de 30% ainda preferem o veículo próprio, enquanto mais de 20% fazem uso de transporte público. O principal motivo para as pessoas optarem pelo transporte por app para retornar de festas é a segurança — por conta tanto do medo de assaltos quanto de acidentes envolvendo bebida e direção.
O resultado da chegada dos aplicativos de mobilidade também foi percebido na redução do número de acidentes fatais. Uma pesquisa da Universidade de Texas concluiu que, após o surgimento de aplicativos de mobilidade, como Uber, a quantidade de acidentes automobilísticos fatais relacionados ao álcool diminuiu em torno de 10% nos Estados Unidos.
O economista Frank Martin-Buck, responsável pelo levantamento, verificou dados de 2000 a 2014 e também concluiu que o compartilhamento de carros resulta em uma redução de até 9,2% nas prisões ligadas à direção sob influência de substâncias entorpecentes. “Isso indica que serviços de compartilhamento de viagens podem ser ferramentas com potencial para reduzir a incidência e os danos de dirigir bêbado”, avalia o especialista.
Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), com base em dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), do Ministério da Saúde, estimam que a introdução do UberX nas cidades brasileiras causou uma redução de 10% nas taxas trimestrais de mortalidade no trânsito (por 100 mil habitantes), considerando o período entre 2011 e 2016. “O aplicativo de carona causou uma queda de cerca de 17% nas taxas de hospitalização relacionadas ao tráfego”, afirmam os cientistas em um artigo publicado sobre o estudo. O efeito do aplicativo é maior nas hospitalizações de homens até 35 anos.
A pesquisa, publicada no fim de 2019, foi a primeira sobre o assunto em um país em desenvolvimento. O Brasil é o segundo maior mercado da Uber no mundo, e quase 70% de seus usuários possuem carro próprio. Além disso, o país possui uma taxa muito alta de mortalidade relacionada ao trânsito — são mais de 30 mil mortes ao ano.
Pessoas passaram a beber mais
Um estudo realizado por três economistas da Universidade de Louisville e da Georgia State University concluiu que, após a disponibilidade do Uber nos Estados Unidos, o consumo de álcool aumentou. Os pesquisadores utilizaram dados de saúde dos Centros de Controle de Doenças dos EUA e descobriram que o consumo médio da bebida cresceu 3% e o excessivo, 9%.
Os acréscimos foram ainda maiores nas cidades sem transporte público, onde a presença do Uber levou o consumo médio a aumentar em 5% e os casos de consumo excessivo de álcool, em aproximadamente 20%. O consumo excessivo vinha diminuindo antes do aparecimento da Uber, o que fornece mais evidências de que o surgimento do serviço afetou o comportamento.
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