Nova edição do Mapa da Desigualdade mostra que apenas 18% da população da cidade reside em um raio de até 1 km de estações de transporte de massa
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A Rede Nossa São Paulo e o Programa Cidades Sustentáveis lançaram nesta semana o Mapa da Desigualdade 2020, um levantamento com diversos dados que retratam a realidade da cidade de São Paulo.
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O Mapa é elaborado desde 2012 e tem como base dados produzidos por órgãos públicos, como secretarias municipais e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outras fontes.
O objetivo do estudo é, segundo as próprias instituições, ajudar a gestão municipal a identificar prioridades e necessidades da população e seus distritos. “Ao contribuir para o entendimento de dinâmicas importantes da cidade, também se coloca como um instrumento para a elaboração de políticas públicas mais inclusivas e a construção de planos setoriais mais integrados.”
O Mapa também preenche uma lacuna em termos de difusão de informações públicas, amplia o alcance do conhecimento sobre territórios e facilita a assimilação dos dados disponíveis.
Para facilitar a visualização da análise comparativa entre os 96 distritos, os pesquisadores utilizam o chamado Desigualtômetro, que mostra a diferença que existe entre regiões que apresentam o melhor e o pior índices em diversos quesitos, como trabalho e renda, educação, habitação, direitos humanos, saúde, cultura e mobilidade, que estão subdivididos em 48 indicadores.
O levantamento traz, ainda, alguns indicadores novos, como coleta seletiva, acesso a transporte público, tempo médio das viagens ao trabalho com o uso do transporte coletivo, acesso à infraestrutura viária, homicídios de jovens, cobertura de atenção básica, entre outros.
A desigualdade social se expressa em fatores como o acesso ao transporte público. Segundo o Mapa, apenas 18,1% da população paulistana reside em um raio de até 1 quilômetro de estações de transporte de massa, como trem, metrô e monotrilho.
Na primeira colocação, estão os distritos da República (88%), Sé (86,4%) e Santa Cecília (73,2%). Os três distritos com menores taxas são Vila Sônia (2,2%), São Rafael (1,4%) e Vila Guilherme (0,5%). Outros 29 distritos têm 0% de acesso ao transporte de massa.
O transporte público é usado por 56,6% das pessoas em deslocamentos para o trabalho. A média do tempo de deslocamento para o trabalho é de 56,2 minutos. Enquanto no Brás se gastam aproximadamente 31,3 minutos, em Marsilac, se gastam 124,7 minutos.
Quase metade das famílias paulistanas (45,5%) não possuem nenhum automóvel. E apenas 41% residem em um raio de até 300 metros de distância de infraestruturas cicloviárias (ciclovias e ciclofaixas).
Segundo informações da Agência Brasil, os distritos que registraram os melhores indicadores foram Alto de Pinheiros, Consolação, Pinheiros, Santo Amaro, Butantã, Perdizes, República, Itaim Bibi, Jardim Paulista e Moema. Já Marsilac, Brás, Jardim Ângela, Cidade Tiradentes, Sé, Bom Retiro, Vila Medeiros, Brasilândia, Capão Redondo, São Miguel formam a relação dos distritos com os piores desempenhos.
Em entrevista ao portal, o coordenador-geral da Rede São Paulo, Jorge Abrahão ressalta que a desigualdade social não é de hoje e resulta das escolhas feitas pelos governantes.
“Está sendo construída há décadas. Ela é fruto de um processo de políticas, na verdade, que fazem com que tenha aumentado e chegado a esse vergonhoso ponto no nosso país. Mas não pode ser naturalizada, justamente por isso, porque é fruto de políticas públicas, definidas pelos políticos, pela sociedade de modo geral e com aceitação de boa parte da sociedade. Até por isso, por ter sido construída, pode ser convertida. Se ela é um produto nosso, pode ser revertida e depende muito da política”, afirma.
Fonte: Agência Brasil, Rede Nossa São Paulo
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