Mulheres são as maiores usuárias do transporte coletivo e se dedicam a mais atividades na esfera do cuidado
Publicidade
Em meio a uma cultura que ainda impõe sobre as mulheres mais responsabilidades no cuidado com os filhos do que aospais, as mães costumam enfrentar uma árdua jornada, e esse cenário precisa ser levado em conta no planejamento das cidades.
Conheça o maior e mais relevante evento de mobilidade urbana do Brasil
O estudo Evolução dos padrões de deslocamento na Região Metropolitana de São Paulo mostra que a presença de crianças entre cinco e nove anos impacta os padrões de mobilidade das mulheres. As mães, além do estudo e trabalho, acabam assumindo diversas tarefas, como levar os filhos à escola, à creche e ao médico ou levá-las junto quando vão ao supermercado e à farmácia.
A desigualdade fica mais evidente quando se observa a diferença de utilização dos modais entre os gêneros. No Brasil, a maioria dos espaços urbanos foram planejados para o melhor uso de carros – modal mais utilizado pelos homens.
Mulheres na Pesquisa Científica e o Desafio da Mobilidade Urbana
Por outro lado, a maioria das pessoas que se desloca a pé, de ônibus e metrô é do sexo feminino. Em São Paulo, por exemplo, em torno de 62% de quem circula a pé e 74% de quem utiliza o transporte coletivo são mulheres, segundo uma pesquisa do metrô paulista.
Além de mulheres serem as principais usuárias do transporte coletivo, mães circulam mais pela cidade porque ainda são responsabilizadas por atividades da esfera do cuidado. Entretanto, raramente o planejamento da mobilidade urbana considera isso, podendo afetar o dia a dia de muitas mães. Exemplos disso são o tamanho dos degraus no transporte público, as calçadas em más condições, o tempo dos semáforos curtos, as travessias longas e a ausência de ciclovias.
O documento Políticas para o Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável Inclusivo — lançado pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITPD) e pela Organização para o Meio Ambiente e Desenvolvimento da Mulher (WEDO) — apresenta recomendações para equilibrar a diferença entre os gêneros na mobilidade.
Mulher no transporte público: dificuldades e soluções
Segundo o documento, pesquisas devem ser realizadas para coletar dados sobre as necessidades específicas das mulheres e a liderança feminina, a qual deve ser cultivada para garantir a participação da mulher nas decisões de políticas estruturantes.
Os espaços urbanos devem ser projetados para propiciar caminhadas, ciclismo e acesso ao transporte público tanto de forma segura como integrada. Portanto, a arborização das vias é importante, e o transporte coletivo deve ser frequente, confiável e acessível. Outros modais intermediários, como táxis de bicicleta, precisam ser incluídos no planejamento.
Uma densa rede de ruas e caminhos deve ser pensada de forma integrada com as atividades. Serviços básicos locais precisam estar a distâncias possíveis de se percorrer a pé, e o estacionamento de carros deve ser desincentivado.
O planejamento de mobilidade urbana precisa considerar que a mulher pode viajar com crianças, sacolas e compras. Dessa forma, desde o desenho dos veículos de transporte coletivo até os sistemas intermodais integrados com tarifas justas devem ser repensados.
Campanhas para incentivar as mulheres a usar o transporte público devem ser criadas considerando ações antiassédio tanto nas ruas quanto dentro do transporte coletivo.
Fonte: The City Fix Brasil, Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITPD).
Curtiu o assunto? Clique aqui e saiba mais sobre como a mobilidade pode melhorar os espaços.