O quarto dia do Summit Mobilidade Urbana 2021 discutiu os impactos da mobilidade urbana segura
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O Estadão Summit Mobilidade 2021, que acontece de forma online e gratuita, debateu nesta manhã como o planejamento urbano afeta a segurança viária no Brasil. Levi dos Santos Oliveira, secretário municipal de Mobilidade e Transportes de São Paulo, iniciou a discussão comentando sobre os projetos realizados pela prefeitura para tornar o transporte mais seguro na cidade.
Ele apresentou o projeto Vias Seguras, iniciativa que visa garantir a segurança das ruas, estipulando limites de velocidades, programação de semáforos e rearranjos do desenho da capital paulista.
Atualmente, também estão sendo estudadas condições para ampliar as áreas calmas e a expansão de rotas seguras para todo o território, principalmente em regiões mais vulneráveis.
Davi Duarte Lima, presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito – IST, defendeu que segurança no espaço público é poder circular pelas ruas sem sofrer danos físicos e materiais, mas que no momento isso não existe no Brasil.
Em sua fala, deu uma atenção especial aos motociclistas, que representam mais da metade dos mortos no trânsito brasileiro e cerca de 80% das indenizações do Dpvat (Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres). O presidente diz que nada tem sido feito no país para mudar essa realidade, e que os acidentes de trânsito por aqui já representam um impacto de R$ 70 bilhões por ano para a sociedade.
Alexandre Cury, diretor comercial da Honda Motors, complementou o debate das motocicletas ao dizer que nas últimas décadas houve um avanço nas normas construtivas de sua fabricação, como na iluminação e nos freios, mas que pouco foi feito em outras frentes necessárias, como a educação e adequação de vias públicas.
Alexandre ainda trouxe para a discussão a necessidade da reformulação das autoescolas, que atualmente fornecem aos alunos e futuros motoristas um treino totalmente diferente da realidade vivida nas ruas.
Michel Braghetto, gerente de marketing da Robert Bosch, comentou que no Brasil 90% dos acidentes são causados por falha humana e que as inovações autônomas para o mercado, como a assistência ao condutor, frenagem automática e sistema de permanência em faixa, devem trabalhar em prol da segurança na mobilidade nos próximos anos.
Jorge Tiago Bastos, professor do departamento de transportes da UFPR (Universidade Federal do Paraná), também esteve presente no debate. O professor levantou a necessidade dos órgãos responsáveis realizarem uma matemática do custo social da segurança no trânsito para tomadas de decisão.
O quarto dia do evento ainda contou com o painel complementar de segurança em mobilidade, uma parceria com a CCR Mobilidade, que discutiu ações estratégicas em diversos modais brasileiros.
Luís Valença, presidente da empresa, esteve presente no painel e comentou sobre os principais modais da companhia, como as linhas 4, 5, 17, 8 e 9 da CPTM, em São Paulo, as linhas do Metrô de Salvador, o VLT carioca do Rio, e diversos aeroportos do país. Segundo Luís, a CCR possui uma política de busca constante pela segurança e eficiência em respeito ao cidadão.
Francisco Pierrini, diretor-presidente da ViaQuatro e ViaMobilidade, endossou o tema ao comentar sobre a segurança nos metrôs dirigidos pela CCR. Segundo ele, ela pode ser dividida em três: pública, operacional e das pessoas. A segurança pública está vinculada à segurança do interior de estações e trens, na fiscalização de delitos, entre outras ações
A segurança operacional envolve sistemas de controle, trilhos, sistemas de energia, trens e todas as questões que envolvem a operação. Já a segurança das pessoas está ligada intimamente aos colaboradores e clientes, com a capacitação dos colaboradores e a realização de simulações de treinamento em caso de falha.
Luís ainda trouxe um panorama dos próximos anos ao dizer que os avanços da segurança e limpeza nos metrôs durante a pandemia devem continuar mesmo após o fim da crise sanitária — visto que o momento trouxe um novo parâmetro de higiene.