Alta velocidade e propensão a quedas são alguns dos fatores que podem colocar os usuários em risco
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As primeiras empresas de aluguel de patinetes elétricos começaram a operar no Brasil no segundo semestre de 2018, ganhando popularidade em diversas capitais no ano seguinte. Agora, em 2020, elas precisam resolver algumas questões para se consolidarem como alternativa real de mobilidade — e uma das mais importantes é a segurança.
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A questão pautou discussões nas redes sociais e manchetes de jornais à medida que mais pessoas relatavam problemas no uso dos aparelhos, como quedas, conflitos com pedestres nas calçadas e outros tipos de acidente. O caso mais sério aconteceu em setembro de 2019, quando um empresário de Belo Horizonte (MG) morreu após cair de um patinete e bater a cabeça.
As discussões chegaram ao poder público. Em julho de 2019, a Prefeitura de São Paulo apreendeu centenas de patinetes sob a alegação de que as empresas não estavam cadastradas para operar na cidade. Em outubro, vieram as primeiras regulamentações: as companhias deveriam se credenciar na prefeitura, cada corrida passou a ser taxada em R$ 0,20 e a velocidade máxima dos aparelhos foi definida em 20 km/h (ou 6 km/h na calçada).
O que dizem os números oficiais
Embora exista uma preocupação em diversos setores da sociedade com a segurança nos patinetes, não existem dados oficiais que comprovem que eles são mais perigosos do que outros meios de transporte. Mas acidentes acontecem bastante. Números do Corpo de Bombeiros de São Paulo, divulgados pelo Estadão, apontam 346 ocorrências de quedas de patinetes, skates ou similares entre janeiro e agosto de 2019 em todo o estado. O órgão, entretanto, não especifica quantos desses casos foram causados especificamente por patinetes.
Como esses veículos são um fenômeno relativamente novo, é difícil encontrar estudos sobre o assunto até mesmo no exterior, mas alguns levantamentos ajudam a trazer luz para a questão e entender os principais pontos de atenção em relação ao uso deles. Uma análise realizada pelo Centro de Controle de Doenças de Austin, no Texas (Estados Unidos), sobre as lesões causadas por patinetes na cidade ao longo de 3 meses de 2018 indicou que metade das 190 pessoas tiveram lesões graves e 15% tiveram lesão cerebral traumática — o uso do capacete teria evitado quase todas as contusões na cabeça.
O estudo também indicou que a inexperiência com os aparelhos pode ser uma das principais causas dos acidentes: 60% dos entrevistados tinham feito menos de 10 viagens de patinete e 30% deles se machucaram logo na primeira utilização.
Outra análise, realizada em Portland, no Oregon (também nos Estados Unidos), mostrou que 84% das pessoas se machucaram porque caíram dos veículos. Essa predominância de quedas também foi observada em um centro médico da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, onde corresponderam a 84% dos acidentes; apenas 4% das pessoas utilizavam capacete no momento dos acidentes.
Fatores de risco no uso dos patinetes
A organização internacional WRI Brasil indica alguns aspectos dos patinetes que podem tornar seus usuários propensos a acidentes.
O poder público também pode tomar medidas que para que as vias sejam mais seguras para os patinetes e para as bicicletas. Essas ações envolvem, principalmente, tornar esses veículos menos vulneráveis em relação aos carros, diminuindo a gravidade dos acidentes. Para isso, o instituto WRI Brasil recomenda a construção de ciclovias protegidas e travessias elevadas, além de estruturas que diminuam a velocidade dos automóveis, como lombadas e chicanes.
As empresas, por fim, podem compartilhar seus dados com as administrações municipais, orientar os usuários e dar ideias para que o poder público crie uma melhor infraestrutura para os patinetes. Com isso, a sociedade pode continuar aproveitando os benefícios que essa nova opção de mobilidade oferece para os grandes centros urbanos — em especial utilizando o patinete como alternativa para os trajetos mais curtos e como complemento ao transporte público.
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