Por que os estacionamentos públicos precisam ser repensados?

3 de dezembro de 2020 3 mins. de leitura

Como a boa gestão do meio-fio pode fomentar cidades mais sustentáveis e igualitárias

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A gestão do meio-fio é fundamental para a promoção da mobilidade urbana sustentável. Grandes áreas são dedicadas para estacionamentos públicos sem levar em consideração outros possíveis usos, e um terço das capitais do País não cobra para estacionar carros nas ruas.

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Onde isso não acontece, os valores das vagas são baixos quando comparados às tarifas do transporte público. Em São Paulo, por exemplo, a prefeitura cobra R$ 5 por hora estacionada, valor que não é reajustado desde 2014, enquanto uma tarifa de ida e volta no transporte público custa R$ 8,80, tendo sido aumentada cinco vezes no mesmo período.

Essa situação acaba beneficiando apenas quem se desloca com carro particular, então, para garantir um espaço público mais democrático e pensado para a coletividade, os municípios brasileiros precisam rever suas políticas de estacionamentos públicos e meio-fio. Um ponto crítico é o fato de esse tipo de disparidade beneficiar uma minoria. Em São Paulo, somente um quarto das viagens diárias é feito em carros particulares, segundo a Pesquisa Origem-Destino de 2017 do Metrô de São Paulo.

Entre os mais pobres, apenas 10% se locomovem diariamente com automóveis, enquanto os carros são usados por 55% dos mais ricos. Assim, quando dedicam o espaço público para estacionamento, as prefeituras acabam por privilegiar a camada mais rica da população, acentuando a desigualdade.

O estudo A Cidade Estacionada estima que a área dedicada aos estacionamentos públicos por meio das zonas azuis na capital paulista é de 5 milhões de metros quadrados, o equivalente a três parques Ibirapuera.

Mais barato que transporte público

Quando cobrado, estacionamento público é mais barato que tarifa de transporte público na maioria das capitais brasileiras. (Fonte: Shutterstock)
Quando cobrado, estacionamento público é mais barato que tarifa de transporte público na maioria das capitais brasileiras. (Fonte: Shutterstock)

Na grande maioria das cidades brasileiras, a quantidade de vagas tarifadas é pequena em comparação ao espaço disponível para o estacionamento público. Na capital paulista, existem cerca de 44 mil vagas tarifadas; no Rio de Janeiro, 39 mil.

Mesmo quando os estacionamentos públicos são cobrados nas cidades brasileiras, o preço é muito baixo. De acordo com um levantamento divulgado pelo site Caos Planejado, a média da tarifa do estacionamento público nas capitais brasileiras é de apenas R$ 1,74 pela primeira hora, um valor muito menor do que o cobrado pelo transporte público nas metrópoles.

Revisão do modelo de estacionamentos públicos

Áreas de vagas para carros podem ser utilizadas para melhorar o convívio entre as pessoas. (Fonte: Shutterstock)
Áreas de vagas para carros podem ser utilizadas para melhorar o convívio entre as pessoas. (Fonte: Shutterstock)

A cobrança pelos estacionamentos públicos é uma ferramenta importante para a diminuição das distorções ambientais e socioeconômicas causadas pelo uso ostensivo de automóveis particulares, mas isso não é suficiente para promover uma mobilidade mais justa e sustentável. É preciso repensar o espaço público destinado a vagas para carros de maneira mais ampla.

Uma boa gestão do meio-fio pode trazer melhorias para a cidade. Os espaços em que hoje há estacionamentos poderiam ser divididos para a implantação de faixas exclusivas para ônibus e bicicletas, espaços de convivência ou de comércio e áreas de embarque e desembarque para ônibus e táxis; assim, seria possível atender melhor à coletividade.

Fonte: A Cidade Estacionada, IBGE, Prefeitura de Porto Alegre, Caos Planejado

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