Em meio à redução no preço observada nos últimos meses de 2022, a gasolina voltou a ter elevação do valor no início de março, como consequência direta da volta da incidência dos tributos federais. Em relação a fevereiro, o aumento percebido já na primeira quinzena de março foi de 9%, segundo o Índice de Preços Ticket Log (IPTL).
A mudança, que pôde ser observada em todas as regiões do País, resultou em aumento de forma irregular. No Estado do Amazonas, por exemplo, a elevação alcançou 16,25% no mesmo período.
Por impactar o valor de vários produtos, uma vez que aumenta o custo de transporte, as oscilações no valor do combustível são acompanhadas de perto pela população, na expectativa de que o cenário se apresente mais favorável.
Se por um lado não há intervenção mais incisiva por parte do governo, por outro o valor do petróleo acompanha o cenário mundial, sobretudo quando há conflitos em andamento, como o ocorrido entre Rússia e Ucrânia, o que tende a restringir a oferta.
Panorama mundial
Em um cenário de instabilidade e que coloca em risco o abastecimento dos países, o valor dos combustíveis acaba subindo como reflexo da dinâmica de cada mercado. A partir disso, todo o valor da cadeia produtiva acaba sofrendo.
Além disso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) tem acompanhado a conjuntura internacional e regulado a oferta e os preços com base nisso. Ainda segundo a organização, em relatório divulgado em março, apesar da previsão de que ocorra desaceleração da economia da União Europeia e dos Estados Unidos, ainda deve haver aumento da demanda de combustível mundialmente.
Para 2023, há previsão de novo momento de crescimento da China, que deverá alcançar taxa de 5,3%. Havendo fim das tensões na Europa, o impacto também seria positivo, atenuando os potenciais riscos de desequilíbrio político e econômico. O crescimento global, por sua vez, está projetado em 2,6%.
Impactos no mercado brasileiro de combustíveis
No relatório, a Opep destacou também que o Brasil deverá apresentar taxa de crescimento de 1% em 2023. Apesar do cenário de inflação global, o País deverá ser um dos impulsionadores do aumento da oferta de combustível, sendo estimado que haja crescimento de 200 mil barris por dia na produção neste ano, ocupando um papel de destaque.
Apesar dos desafios presentes, também está sendo considerado que o Brasil conte com a previsão de reformas estruturais, além de ter um mercado de exportações bem consolidado, já que no momento a inflação se encontra em processo de redução, ainda que gradual.
Conjuntamente, esses dados apontam um cenário mais otimista, embora cauteloso, mostrando que o período mais instável pode ter ficado para trás. No entanto, não é possível prever com maior previsão como o preço da gasolina se comportará, já que há muitos fatores envolvidos.
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Medidas adotadas para frear o aumento do preço da gasolina
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) destacou, em relatório divulgado em fevereiro, que a redução da gasolina foi de 30% em 2022, fazendo que o valor passasse de R$ 7,22 para R$ 4,97 por litro, aumentando a participação no consumo brasileiro.
A partir disso, em 2023, o governo federal optou por adotar a taxa de 9,2% na exportação de petróleo cru, como forma de não prejudicar a arrecadação de tributos em virtude da desoneração de impostos incidentes na gasolina e demais combustíveis, que foi prorrogada até fevereiro. Ainda assim, as novas alíquotas que compõem o preço são inferiores.
Essa medida, segundo o governo, buscou dar mais estabilidade para o preço do combustível. Além disso, espera-se que haja maior oferta de biocombustíveis no País, o que deve impactar positivamente os preços, ainda que indiretamente. A EPE também projeta que os níveis pré-pandemia serão atingidos entre os últimos meses de 2023 e o início de 2024, indicando a retomada do setor de turismo e aviação.
Fonte: OPEP, Governo Federal, Empresa de Pesquisa Energética, Estadão, Câmara dos Deputados