Como a china tem recuperado seu sistema de transporte?

11 de agosto de 2020 5 mins. de leitura

País asiático adotou uma série de medidas de incentivo e segurança após a ascensão do coronavírus

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Quando a epidemia do novo coronavírus atingiu a China, em janeiro deste ano, o país optou por um lockdown rigoroso, suspendendo quase que totalmente os serviços de transporte coletivo nas principais cidades do país.

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Com o controle da transmissão do vírus em meados de abril, o país asiático vem tentando retomar a normalidade aos poucos. Entretanto, o prolongado período de isolamento provocou diversas mudanças em seus sistemas de transporte.

Do transporte público ao compartilhamento de bicicletas, os serviços de mobilidade novos e tradicionais sofreram mudanças drásticas na demanda, nos padrões de circulação, na distribuição e nas necessidades dos passageiros.

Queda na demanda

Segundo um levantamento do Escritório do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) na China, apenas 34% da demanda do transporte público da cidade de Guangzhou foram retomados após um mês da volta dos seus moradores ao trabalho. 

O ITDP revela ainda que o número de passageiros de metrô caiu de 26% para 14% em todo o país, e o número de usuários de ônibus, de 17% para 10%. Muitas pessoas relataram terem mudado de metrô para ônibus a fim de evitar as aglomerações nas estações subterrâneas.

Soluções

Especialistas do World Resources Institute (WRI) recentemente publicaram um artigo no qual apontam as três principais medidas tomadas pela China para enfrentar a crise e tornar os seus sistemas de transporte mais seguros, acessíveis, eficientes e sustentáveis. Confira algumas delas.

1. Protocolos de higiene e rastreamento para o transporte público

Para proteger a saúde dos passageiros, novos protocolos estão sendo adotados pelas empresas de ônibus e metrô. (Fonte: Robert Way / Shutterstock)

Para mitigar os riscos à saúde pública, os governos locais e as operadoras de transporte público implementaram uma série de medidas de precaução. Em áreas de alto risco, como Wuhan, o pessoal da linha de frente usa materiais de proteção.

Novas diretrizes de espaçamento foram implementadas para garantir distâncias seguras entre os passageiros nos ônibus, que são desinfetados pelo menos duas vezes por dia. As temperaturas dos passageiros também são verificadas antes do embarque.

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Alguns operadores de ônibus municipais também estão incentivando as pessoas a usar métodos de pagamento rastreáveis ou cartões de trânsito inteligentes em vez de dinheiro. Esses métodos de pagamento não apenas reduzem os riscos de exposição, como também ajudam as autoridades locais a rastrear possíveis contatos.

Em Suzhou, uma plataforma de trânsito inteligente analisa a distribuição de multidões dentro de ônibus em tempo quase real e identifica o volume de passageiros em cada veículo por meio de cartões de trânsito inteligentes. 

2. Compartilhamento de bicicletas 

O uso de bicicletas compartilhadas aumentou significativamente na China após a pandemia. (Fonte: Amar Shrestha / Shutterstock)

Durante o bloqueio de transporte público de 50 dias em Wuhan, a Meituan Bike forneceu 2,3 milhões de viagens na cidade. Segundo essa e outras duas grandes empresas de compartilhamento de bicicletas, o volume de viagens em Pequim aumentou de 120 a 187% em comparação ao cenário anterior à pandemia.

Municípios e empresas locais incentivaram essa tendência e tomaram medidas para garantir a acessibilidade e a segurança do compartilhamento de bicicletas. A Meituan tomou a iniciativa de desinfetar todas as bicicletas nas ruas das cidades onde opera, e outras empresas seguiram o exemplo. Em Pequim, as companhias foram proibidas de aumentar os preços das bikes durante a pandemia.

3. Frete urbano mais inteligente

O surto de covid-19 provocou um boom nas entregas médicas e domésticas no país. Esse aumento da demanda é um desafio, já que o setor de frete da China é um mercado altamente competitivo, fragmentado e com baixa eficiência. 

Para tentar melhorar esse serviço, algumas cidades, como Xangai e Wuxi, introduziram transportadoras, conhecidas como forwarders, que combinam pequenas remessas de pequenas transportadoras em cargas maiores. Um sistema de informação guia essas pequenas transportadoras até seus destinos finais, para entregas mais coordenadas e eficientes. 

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O governo tem incentivado os encaminhadores a usar Big Data para identificar demandas, otimizar operações e rastrear entregas. Os projetos-piloto iniciais mostram que essas medidas podem reduzir custos operacionais e sociais, bem como aumentar a utilização de veículos.

A pandemia também provocou mudanças para os veículos de carga. Para resolver problemas como o fechamento de estradas e riscos de exposição, as entregas sem contato foram prototipadas com o uso de robôs de entrega elétricos autônomos. 

Fontes: The City Fix, Institute for Transportation & Policy Development (ITPD).

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