Confira quais foram os debates do último dia do evento deste ano
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O home office vai acabar com os escritórios? Essa foi a pergunta que abriu a primeira discussão do Estadão Summit Mobilidade Urbana nesta sexta-feira (21), que contou com a presença do pesquisador Carlo Ratti, do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Na sequência, um painel debateu mobilidade e tecnologia, com pesquisadores e especialistas do mercado discutindo a contribuição da inteligência artificial para criar soluções ligadas a cidades inteligentes. Logo após o debate foi apresentado o case do app Quicko, cujo conceito de mobilidade é pensado com foco nas pessoas, uma das conclusões do painel anterior.
Quer ver mais detalhes do início dessa manhã? Confira.
Segundo Carlo Ratti, do MIT, o home office implementado na pandemia gerou uma pergunta inevitável: afinal, por que os escritórios são úteis? Muitas empresas já cogitam o trabalho remoto definitivo, mas, para o professor, que coordena o Laboratório de Cidades Sensíveis do centro de pesquisa, a resposta deve passar por uma análise um pouco mais detalhada.
O MIT foi uma das primeiras universidades do mundo a implementarem Wi-Fi em todo o campus, e a forma de vivenciar o espaço foi drasticamente mudada: além de haver mais liberdade, a interação entre as pessoas aumentou, afinal se tornou possível usar a internet de qualquer lugar e trabalhar de forma mais colaborativa — algo como um coworking acadêmico.
É isso que indica a percepção do pesquisador sobre o fato de que, durante a pandemia, as redes de contato se fragilizaram. Embora ainda haja conexão pela internet, o trabalho realizado em casa não é suficiente para substituir o fator humano nas organizações. Por isso, a liberdade de trabalhar em qualquer lugar parece complementar, mas não substituir o escritório.
O mesmo vale para as grandes cidades. Ratti defende que é preciso diminuir as distâncias de forma a permitir trajetos curtos (como na cidade de 15 minutos) e de maneira ativa, sobretudo a pé e de bicicleta. Mas isso não significa abandonar as estruturas tradicionais, e sim permitir que elas sejam mais flexíveis: o melhor de dois mundos.
O painel “Mobilidade e Tecnologia” foi aberto por Newton Neto, diretor do Google América Latina, que procura ajudar pessoas a tomarem melhores decisões em mobilidade. Ao abordar os veículos autônomos, o especialista defendeu que é importante mapear as informações necessárias para que os veículos circulem com segurança na América Latina; eles precisam entender o que está se passando no entorno, e isso varia em cada lugar do mundo.
Paulo Manzano, diretor de Marketing e Produto da Jaguar Land Rover no Brasil, apresentou um case de sucesso da companhia. Na sede irlandesa da Jaguar foi aberto um polo de desenvolvimento que cria um ecossistema e busca incubar uma experiência pronta para ganhar as ruas de cidades, inclusive as brasileiras. E esse é o tema de pesquisa de Stella Hiroki, segundo a qual ter cidadãos como protagonistas é o pilar das smart cities — e os carros autônomos se encaixam nesse movimento.
No Brasil, pequenos e médios municípios costumam ser ótimas plataformas de teste para soluções inovadoras. É o caso de Joinville (SC), que aderiu ao Waze for Cities Data em busca de melhor qualidade de vida e eficiência no cotidiano. A também pesquisadora Renata Cavion, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), coordenou um trabalho de intervenção na região, mas em municípios de menor porte. Por meio desse projeto complementar, percebeu-se que cidades pequenas precisam de outras metodologias, pois têm uma realidade diferente.
Os debatedores apontaram uma série de pontos que ainda precisam ser mais bem debatidos e todos concordaram que a legislação é um exemplo disso. No modelo tradicional, já há previsão legal para o caso de acidentes, mas e com os carros autônomos? Embora esses veículos já operem em diferentes locais do mundo, é necessária uma discussão mais próxima.
Além disso, é importante registrar que os carros autônomos trabalham sob uma escala de autonomia e que muitos elementos desse veículos já existem nos modelos atuais. O que se espera é, passo a passo, tornar a estrutura mais inteligente e menos dependente do fator humano, que é mais suscetível a erros.
No último episódio da websérie “Agora é minha vez” foi apresentado o aplicativo Quicko, que nasceu com a missão de estimular a mobilidade digital e focada nas pessoas. Um exemplo disso veio neste ano, em que ela foi a primeira startup a divulgar um mapa de vacinação.
Ao longo de 2020, o app teve mais de 1 milhão de downloads, principalmente em São Paulo (SP), no Rio de Janeiro (RJ), em Belo Horizonte (MG) e em Salvador (BA), onde a empresa concentra sua atuação. O número expressivo se refere à necessidade que as pessoas têm de informações para se deslocar. Isso passa por questões simples do cotidiano. O ônibus está no horário? O metrô está funcionando? O app fornece isso e considera que a mobilidade é a forma mais intensa de experimentar a vida urbana.
Confira o que já rolou no Estadão Summit Mobilidade Urbana 2021