Especialistas apontam possíveis impactos da pandemia na mobilidade
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Dia após dia, a pandemia causada pelo novo coronavírus traz novas questões para discussão sobre as diferentes maneiras de encarar as relações humanas e a mobilidade. A necessidade de se deslocar e ter segurança para isso, principalmente em um transporte público sobrecarregado como o do Brasil, faz com que autoridades de todo o mundo precisem repensar com rapidez suas ações nesse segmento.
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Conheça os impactos que podem ser gerados em três frentes do setor de mobilidade também a longo prazo.
Segundo relatos de Nabil Bonduki, arquiteto urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), divulgados no portal da instituição, o exemplo do que se vê no Brasil, que diminuiu a oferta de transporte em meio à necessidade de distanciamento social, precisa ser repensado.
Para ele, balancear a queda de aproximadamente 60% no uso desse meio com a redução de frota não foi uma escolha inteligente. O direito fundamental de preservar a saúde e reduzir as taxas de contaminação deve ser levado em conta como prioridade na decisão, segundo Bonduki.
Daqui para frente, estímulos dos governos, como a possibilidade de garantir acesso seguro ao transporte público, serão essenciais para que os usuários que possuem outras possibilidades de locomoção, como carro próprio, não optem por usá-las.
De acordo com especialistas do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), é possível que análises do novo comportamento imposto durante a pandemia, com redução ou bloqueio de vias e a consequente diminuição do trânsito, tragam algumas soluções para o futuro.
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Em webinar promovido pela instituição no início de maio, Hannah Arcuschin, arquiteta, urbanista, coordenadora de urbanismo e mobilidade na Vital Strategies e membro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), levantou algumas questões sobre esse cenário.
Segundo a especialista, além do aumento de segurança no transporte com um número reduzido de veículos nas ruas, o momento pode ser utilizado para repensar estruturas futuras e rever regras de circulação. Arcuschin afirma que uma das soluções pode ser a reestruturação das vias para impulsionar o deslocamento a pé e de bicicleta.
O aumento e a revisão da velocidade média em locais que tiverem comprovada redução de tráfego e estrutura adequada para acomodar veículos destinados a entregas e cargas também precisam entrar em pauta. “Temos que ser criativos e usar essa oportunidade para repensar aquilo que já não vinha funcionando bem”, explicou ela.
O home office mostrou para diversas empresas que alguns setores podem continuar operando e gerando lucros mesmo longe de uma estrutura corporativa física. Essa nova realidade pode estar entre as chaves para ajudar a descongestionar o sistema de transporte das grandes metrópoles.
Se esse modelo for adotado, mesmo que de forma parcial, intercalando dias, horários de pico ou a quantidade de membros das equipes de trabalho com obrigatoriedade de presença física, todo o sistema poderá ser beneficiado com um número menor de pessoas e veículos nas ruas.
O momento segue sendo ideal para repensar essas questões e reestruturar toda a mobilidade urbana para uma retomada segura e sustentável para a população.
Fonte: ArchDaily, WRI Brasil, CAU-BR, Jornal da USP
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