Buenos Aires reduz mortes no trânsito em 33%

19 de julho de 2020 4 mins. de leitura

Solução urbana na capital argentina contempla vertentes como sistemas seguros, visão zero e incentivo à mobilidade ativa

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Nenhuma morte é aceitável. Essa é a premissa central da Visão Zero, perspectiva amplamente adotada nos últimos anos em Buenos Aires, na Argentina. Com esse foco e uma reestruturação urbana pautada em sistemas seguros, a cidade conseguiu reduzir o número de acidentes fatais em 33% entre 2015 e 2019.

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O Sistema Seguro de Mobilidade é pensado para minimizar os efeitos dos erros humanos nas ruas. A abordagem urbanística defende uma responsabilidade compartilhada entre usuários e o Estado por incidentes nas vias; por isso, as ruas devem ser seguras e reguladas de maneira inteligente pelos órgãos do setor.

Visão Zero

Adotada pela primeira vez na Suécia, em 1997, trata-se de uma forma de compreender e praticar a abordagem dos Sistemas Seguros, reconhecendo que erros humanos são inevitáveis e que o desenho viário precisa ser impecável para minimizar ao máximo seus efeitos, bem como possíveis ocorrências.

Buenos Aires, ao lado de 23 cidades da América Latina e do Caribe, participa do chamado Desafio Visão Zero, que visa destacar a liderança na implementação de uma abordagem de Visão Zero para a segurança viária. A capital portenha pode ser a primeira latino-americana a incorporar integralmente a ação em seu planejamento urbano.

Redução de acidentes em Buenos Aires

Buenos Aires deu atenção especial aos pedestres em seu mais recente plano de segurança viária. (Fonte: LiAndStudio / Shutterstock)

Há pouco mais de quatro anos, quando instituiu o mais recente plano de segurança viária, a capital argentina estabeleceu como meta a redução de acidentes de trânsito em 30%. A queda chegou a 33%. Enquanto em 2015 o número de mortes foi de 153, em 2019 houve 103 acidentes fatais.

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Um dos aprimoramentos identificados durante esse período e que podem ter contribuído com a redução foi a atenção com os pedestres. A principal causa de morte entre esse contingente de usuários era o atropelamento por ônibus; pensando nisso, reduziu-se a velocidade máxima desses veículos para 30 quilômetros por hora, mediante fiscalização eletrônica, e aumentou-se o tempo dos semáforos.

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De acordo com o World Resources Institute (WRI), que deve trabalhar nessa e em outras frentes da segurança viária como parte da Iniciativa Bloomberg para Segurança Global no Trânsito, Buenos Aires conseguiu zerar o número de mortes nos espaços em que foram feitas adaptações. Além disso, houve queda de 38% dos acidentes envolvendo ônibus e pedestres em comparação com a média de 2016 a 2018.

Incentivo à mobilidade ativa

Buenos Aires aposta em ciclovias para fomentar a mobilidade ativa. (Fonte: Shutterstock)

Outro ponto levado em conta na elaboração do plano de segurança viária de 2016 foi a mobilidade ativa. Foram construídos 250 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas, além de cinco áreas de prioridade para pedestres e ciclistas com baixas velocidades máximas, nivelamento e alargamento de calçadas, construção de paraciclos (suportes individuais para fixação de bicicletas) e aprimoramentos na iluminação.

Outra frente utilizada nessas transformações foi o urbanismo tático, que contempla intervenções temporárias a serem testadas para o fomento de mudanças em longo prazo. E o foco são as pessoas.

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Segundo o Instituto WRI, para tornar as travessias mais curtas e seguras, foram instaladas extensões de calçadas feitas com tinta reflexiva. O novo desenho viário foi pensado com base em pesquisas realizadas com a população. As novas zonas receberam cadeiras, mesas e floreiras para aumentar o conforto e, consequentemente, o tempo de permanência no local.

Buenos Aires não quer parar por aí. Além de identificar ponto a ponto o que ajudou a reduzir as mortes no trânsito e apostar nos acertos, a capital portenha planeja seguir aperfeiçoando seus índices de segurança viária nos próximos anos, trabalhando na gestão da velocidade nas ruas, promovendo maior segurança para os motociclistas (principais vítimas do trânsito) e fomentando a infraestrutura voltada aos ciclistas.

Fonte: WRI, Desafio Visão Zero, Prefeitura de São Paulo, ArchDaily, The City Fix Brasil

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