Com foco no bem estar dos ciclistas, políticas públicas da Holanda permitem que o povo pedale sem precisar usar capacetes
Publicidade
A construção de uma cidade com menos trânsito, menos riscos de acidentes e mais ar limpo parece um sonho impossível para muitos países. E mesmo na Holanda, que parece ter alcançado, ao menos em parte, este status, foi assim por muitos anos.
Conheça o mais importante evento de mobilidade urbana no Brasil
Por lá, a resposta passou pelo incentivo ao uso de bicicleta como modal primário, o que envolveu uma mudança bastante profunda na forma como o povo holandês se relacionava tanto com seus meios de transporte quanto com o espaço urbano.
Ao mesmo tempo, o governo, em nível nacional e municipal, também teve que refletir sobre como criar ambientes favoráveis para ciclistas.
Melissa Bruntlett, que juntamente do marido Chris escreveu o livro Building the Cycling City: The Dutch Blueprint for Urban Vitality (Construindo a Cidade Ciclista: O Esquema Holandês para a Vitalidade Urbana, em tradução livre), deu uma entrevista para a Vox sobre o assunto.
O livro é baseado no blog que eles montaram quando resolveram usar a bicicleta como o modal primário para se deslocar. Segundo ela, os holandeses fazem uma diferença entre os wielrenners, ciclistas esportivos, e os fietser, que é apenas “alguém em cima de uma bicicleta”.
“Quando você conversa com alguém na Holanda sobre o que faz as bicicletas serem tão especiais, a maioria vai dizer ‘do que você está falando? Não tem diferença de quando eu pego o trem ou saio a pé'”, diz a autora em entrevista ao Vox.
Para Chris, essa é a questão central. “Os holandeses construíram um ambiente que trata as pessoas que andam de bicicleta normalmente, os fietsers do dia a dia, com respeito e dignidade e dá a eles todo um espaço separado para pedalar”, diz na mesma entrevista.
Segundo o casal de autores, a Holanda possui um manual que classifica as estradas dependendo da velocidade dos carros. “Se há uma grande diferença na velocidade, uma separação completa é obrigatória”, complementa.
A questão central não é fazer a bicicleta substituir o automóvel ou mesmo o transporte público. “Quando você combina os dois [bicicleta e transporte público] é que a magia acontece. Aí o carro se torna redundante nas cidades”, comenda Chris.
Os holandeses usam as bicicletas como uma ferramenta para alimentar o sistema de trânsito, com 50% de todas as viagens começando com uma pedalada. “Isso cria um círculo virtuoso de transporte sustentável”, reflete Chris.
Essa talvez seja a importância de se não precisar de capacetes. Ao exigir que o ciclista use uma armadura para pedalar, o que o poder público diz para o povo é que não está interessado em mudar nada para os motoristas, privilegiando um conforto individual, cada vez mais insustentável para as grandes cidades.
Curtiu o assunto? Clique aqui e saiba mais sobre como a mobilidade pode melhorar os espaços.
Fonte: Vox.