Projeto quer transformar a avenidas mais famosa da França em um espaço amigável e acessível a turistas e moradores da região; entenda
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Um projeto de US$ 305 milhões, idealizado por arquitetos da PCA-Stream e aprovado pela prefeita de Paris Anne Hidalgo, deve transformar a avenida mais famosa da capital francesa em um “jardim extraordinário”, como bem definiu a ideia. Uma faixa de 2,3 quilômetros da Champs-Elysées, que se estende da Praça da Concórdia ao Arco do Triunfo, receberá a reforma. A conclusão está prevista para 2030.
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Ainda que mantenha o título de uma das avenidas mais lindas do mundo, a Champs-Elysées não anda de acordo com o esperado por parisienses, que criticam aspectos como poluição e congestionamentos. O objetivo do “Reencantando a Champs-Elysées”, apelido dado ao conjunto de planos propostos, é mudar esse cenário.
Pesquisa realizada em 2019 revelou que, quanto mais perto os entrevistados moravam de lá, mais descartavam a ideia “turística” que cerca o território, chegando a 71% de “rejeição”. Por mais que grandes centros comerciais de outros países, como a Times Square, de Nova York, ou Leidseplein, de Amsterdã, careçam de identidade, a Champs-Elysées é vista, também, como inacessível para muitos.
Devido a isso, o desejo de torná-la mais um monumento e menos um shopping sugere que a mudança seja realmente bem-vinda.
Seguindo a linha de projetos ecológicos já aplicados em outros lugares de Paris, renderizações atuais mostram calçadas quase dobrando de largura, enquanto as faixas de carros são reduzidas para quatro. Além disso, são esperadas ciclovias generosas em ambos os lados, assim como a redução dos limites de velocidade.
Essas alterações, junto a um espaço para pedestres sombreado por uma linha recém-duplicada de árvores, tornarão a Champs-Elysées mais agradável àqueles que desejarem passar um tempo maior em seus entornos.
Por fim, a Praça da Concórdia será tomada por gramados e arbustos que substituirão as pedras de pavimentação. Se por um lado isso pode eliminar algumas das vistas panorâmicas icônicas da região, por outro, depois da reforma, será possível caminhar do Louvre até o Arco do Triunfo sob uma cobertura frondosa, respirando-se um ar mais puro em um espaço verde repleto de bancos e fontes de água.
O efeito será ainda mais evidente com a concretização de todas as ações, que deve ocorrer antes dos Jogos Olímpicos de 2024.
Negócios na Champs-Elysées não estão fora dos aprimoramentos. Atualmente, aluguéis elevados obrigam empresas que queiram sobreviver a terem altos volumes de vendas, mas uma consulta pública salientou que os cidadãos esperam uma “oferta de varejo mais autêntica, que enfatize a arte de viver, o savoir-faire e a gastronomia francesa”. Com as novidades, é possível que isso seja posto em prática.
Por fim, a redução de veículos deve alterar fundamentalmente as dinâmicas de uma cidade barulhenta e suja, mas também dinâmica e vibrante – o que pode incomodar aqueles que valorizam a agitação.
Anne Hidalgo, inclusive, não descarta a resistência de determinados moradores quanto ao banimento de carros, mas tudo indica que, na Europa, as coisas se encaminham para um futuro menos frenético em espaços urbanos de destaque. Bruxelas e Madrid são dois exemplos; Paris, pelo jeito, será o próximo.
Fonte: Bloomberg
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