Cidades devem se transformar para sobreviver ao coronavírus

4 de agosto de 2020 4 mins. de leitura

Desigualdades sociais devem ser superadas no enfrentamento à pandemia

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A crise do coronavírus tem demandado diversas transformações nas cidades, e uma delas diz respeito a disparidades sociais, já que qualquer ação de enfrentamento à covid-19 no contexto urbano terá pouco efeito caso esse aspecto não seja levado em conta. A cidade deve se proteger por completo — da periferia ao centro.

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O surto de covid-19 evidenciou as disparidades sociais, econômicas e espaciais de diferentes cidades. Os bairros economicamente desfavorecidos e a população mais carente estão sendo os mais atingidos, por isso requerem mais ações para combater a doença.

Mito da relação entre coronavírus e densidade urbana

Populações mais carentes de todo o mundo foram mais atingidas pela pandemia. (Fonte: Felipe Mahecha / Shutterstock)

No início da crise, com a confirmação dos primeiros surtos nas grandes cidades, acreditava-se que a densidade urbana tinha um papel fundamental na disseminação do vírus. A partir do momento em que foram verificadas diferenças na propagação da doença em um mesmo espaço, percebeu-se que o problema poderia ser mais complexo.

Como se proteger do coronavírus no transporte público?

A geografia econômica da cidade, ou seja, a interação entre os cenários econômico e físico, passou a ser considerada um dos principais determinantes da transmissão da patologia. Isso quer dizer que regiões sem acesso a saneamento básico, com poucos espaços públicos, podem sofrer maior ação da doença.

O risco de contágio aumenta com a ausência de infraestrutura nos bairros em que os moradores não têm outra opção senão sair de casa todos os dias em busca de trabalho, o que desfavorece o isolamento físico e social e incentiva aglomerações.

Transformações necessárias

Mudanças que eram necessárias antes do surgimento da covid-19 se tornam ainda mais urgentes sob uma ótica de saúde pública. As alterações devem ser planejadas não apenas levando em conta a segurança e a mobilidade urbana em um mundo alterado pelo novo coronavírus mas também a melhoria da habitabilidade.

Redesenho do espaço público

Falta de infraestrutura nos bairros favorece a propagação da covid-19. (Fonte:Photocarioca / Shutterstock)

O espaço público deve ser repensado para propiciar proteção maior contra o vírus, com ações como aumento de calçadas e abertura de parques. As mudanças devem ser realizadas especialmente em locais onde as casas são pequenas e grandes famílias compartilham o mesmo espaço.

Alteração de regras de ocupação do solo

Daqui para frente, os regulamentos para ocupação do solo devem se preocupar em reduzir a densidade urbana, considerando os aspectos econômicos. Regras mais rígidas geralmente limitam a altura das construções e a quantidade de propriedades que podem ser desenvolvidas em um terreno.

As cidades precisam ser organizadas em zonas menores de densidades diferenciadas, impulsionadas pela capacidade e demanda de infraestrutura, principalmente no transporte.

Financiamento de infraestrutura

O financiamento da infraestrutura urbana deve fortalecer a possibilidade de o governo local e a comunidade melhorarem as condições de vida em favelas e bairros informais. A necessidade mais urgente é o acesso dos moradores à água potável e ao saneamento, que não só colabora com o controle da covid-19 como também ajuda a reduzir a incidência de outras doenças.

Fonte: Banco Mundial

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