Pandemia provocou uma mudança profunda no comportamento das pessoas, que tem sido refletido na mobilidade e nos espaços da cidade
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O comportamento humano foi profundamente afetado pelas medidas de prevenção à covid-19. Isso mudou a forma como as pessoas interagem com a cidade. Entre os impactos dessa transformação estão novas estratégias de urbanismo e de mobilidade.
Estudos mostram que as pessoas querem mudanças na paisagem urbana da pós-covid-19. A pesquisa Acesso aos Espaços Públicos na Pandemia, realizada pela organização SampaPé! e o coletivo Metrópole 1:1 na cidade de São Paulo, mostrou que depois da crise sanitária 75,6% desejam “aumento da arborização das ruas” e 68,8% a “criação de mais praças e manutenção das existentes”.
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A mobilidade ativa deve merecer um destaque maior na cidade — 90% das pessoas defenderam “que a cidade seria menos poluída se houvesse menos circulação de veículos motorizados”.
Três a cada quatro pessoas afirmaram “que as caminhadas cotidianas contribuem mais para a saúde (mental e física) do que imaginava”. E ainda, pouco mais de 70% acreditam que “ter um espaço de qualidade destinado ao deslocamento a pé é importante para estimular o uso da cidade e a segurança”. Além disso, as pessoas indicaram que, entre as mudanças de hábitos, estão um cuidado maior do espaço público e, consequentemente, um aumento de frequência a eles.
Durante a pandemia, o ir e vir das pessoas foi modificado consideravelmente, pois mais de 40% das pessoas declararam que diminuíram a frequência no comércio de rua, em bares, restaurantes e shoppings, bem como nas agências bancárias. Logo, esse novo ritmo terá impactos a longo prazo.
Um levantamento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sobre a mudança de comportamento das pessoas durante a pandemia mostrou que 30% das pessoas desejam aumentar as compras pela internet e usar mais serviços de delivery daqui para a frente. Além disso, 45% dos entrevistados desejam passar mais tempo com a família e os filhos, e 27% pretendem aumentar o trabalho na modalidade home office.
No Brasil, onde a população economicamente ativa é de aproximadamente 79 milhões de pessoas, cerca de 10% dos trabalhadores ainda estavam em home office durante o mês de outubro, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Uma pesquisa realizada com mil usuários de serviços da empresa Ticket indicou que 44% dos empregados não gostariam do retorno ao trabalho presencial, mesmo após o fim do isolamento social. Esse desejo deve ser atendido pelos empregadores: 36% dos ouvidos pelo levantamento trabalham em empresas que já sinalizaram a adoção do trabalho remoto total para algum setor. E outros 33% trabalham para organizações que devem adotar o home office de forma híbrida (com o trabalho presencial).
Outro movimento observado no Brasil durante o período de crise sanitária é a saída de moradores de grandes centros urbanos para cidades médias e pequenas, de acordo com dados de junho da consultoria McKinsey & Company. Um processo que foi chamado de “desurbanização”.
Nos Estados Unidos, cerca de 16 milhões de pessoas se mudaram durante a pandemia, conforme dados do United States Postal Service. Algumas das áreas mais populosas do país, como Manhattan, Brooklyn, Chicago e San Francisco, estão entre as que mais perderam moradores.
Fonte: My Move, Observatório das Metrópoles, Mobilize, Agência Brasil, revista Exame.
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