Como o Autonomous Ready evitou quase 700 acidentes em Barcelona

23 de abril de 2020 4 mins. de leitura

Cidade catalã planeja zerar vítimas fatais em decorrência de acidentes de trânsito até 2025

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Mais de 3 mil pedestres e ciclistas morreram em acidentes de trânsito na Espanha em 2018, segundo dados da Direção Geral de Tráfego (DGT). Mas um projeto pioneiro que fornece um sistema de apoio ao motorista evitou 668 colisões somente em dois meses de operação na cidade de Barcelona.

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O Autonomous Ready parte da ideia de que cidades com alta densidade de carros e veículos pesados devem possuir sistemas de assistência à condução para a segurança dos mais vulneráveis, como pedestres, bicicletas e motocicletas.

A cidade quer zerar os acidentes fatais até 2025. Na Espanha, 90% das ocorrências são provocadas por erros humanos, de acordo com a DGT. Para diminuir os erros dos motoristas, Barcelona e a DGT decidiram, em maio de 2019, instalar Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor (ADAS) em frotas comerciais e públicas.

O Autonomous Ready é uma parceria público-privada que reúne parceiros como a Mobileye, de propriedade da Intel, responsável pela tecnologia embarcada nos veículos. O projeto inovador também conta com frotas de empresas como Alphabet, Aquaservice, Calidad Pascual, Correos, Endesa, GESCO, Ferrovial, Obremo, Fraikin, Logista, Línea Directa e Seur.

Como começou o Autonomous Ready?

(Fonte: Ayuntament de Barcelona)
(Fonte: Ayuntament de Barcelona/Reprodução)

O projeto começou como um piloto em Barcelona com a tecnologia embarcada em 170 veículos comerciais e 79 ônibus operados pela empresa de transporte metropolitano local em 2019. Antes do final daquele ano, o número aumentou para mais de 300 veículos. O objetivo final é aumentar a frota de veículos com a tecnologia para 5 mil nos próximos três anos.

Os regulamentos da União Europeia (EU) estabelecem que os sistemas de assistência ao motorista a bordo se tornem obrigatórios em 2022 para melhorar a segurança. Com a adoção da nova tecnologia, a UE planeja evitar até 25 mil mortes e mais de 140 mil feridos graves até 2038.

Além da perda de vidas, os acidentes representam prejuízo econômico. De acordo com a DGT, o custo direto dos acidentes, somente na Espanha, foi de 9,6 bilhões de euros em 2014 — o que representa mais de 1% do PIB do país.

Como funciona a tecnologia Autonomous Ready

(Fonte: Ayuntament de Barcelona)
(Fonte: Ayuntament de Barcelona/Reprodução)

Os sistemas de segurança ou assistência à direção são baseados em sensores como radar ou LiDAR, duas tecnologias para medir e detectar objetos usando lasers. Os raios laser emitidos atingem objetos, retornam e refletem de volta.

A tecnologia do Autonomous Ready utiliza sensores para reconhecer o ambiente combinados com o uso de câmeras inteligentes, que varrem o ambiente continuamente, incluindo pontos cegos para o motorista. Os dispositivos são conectados a uma Inteligência Artificial de reconhecimento e processamento de dados, que interpreta os movimentos do ambiente em tempo real.

O sistema alerta o motorista com sinais de luz e som para evitar possíveis colisões, oferecendo informações sobre pontos de risco na cidade. O sistema de prevenção pode identificar veículos, ciclistas e pedestres à noite. De acordo com o fabricante, a tecnologia prevê até 80% dos possíveis erros do motorista.

Coleta de dados sobre trânsito

Além de emitir aviso de acidente em caso de risco, o Autonomous Ready usa as câmeras com sensores inteligentes para reunir informações dos arredores e mapear áreas para implementar medidas de segurança preventiva.

Em dois meses de operação, o sistema varreu 45 mil quilômetros das ruas de Barcelona. Por volta de 37 mil ciclistas e 240 mil pedestres foram identificados e localizados geograficamente no espaço urbano. Além disso, foram colhidas informações meteorológicas e de intensidade do tráfego.

Essa quantidade de dados pode ser utilizada para alimentar os sistemas de direção autônoma para aumentar a eficácia e o senso de medidas do próprio sistema de assistência ao motorista, evitando incidentes. Os dados são compartilhados com gestores públicos. Assim, o município pode compreender o perfil de risco da cidade, identificando padrões de comportamento no tráfego diário, e propiciar melhorias na infraestrutura baseadas em evidências.

Referências: ESMartyCity, Ayuntament de Barcelona, Circula Seguro, Mobileye, DGT e Capital Radio.

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