Busca por qualidade de vida, segurança e mobilidade foram os principais motivos das crescentes migrações durante a pandemia
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Quando a pandemia do novo coronavírus surgiu em março de 2020, o home office foi adotado por grande parte das empresas a fim de tentar conter o avanço da doença. A mudança trouxe benefícios tanto para os colaboradores quanto para as organizações.
Isso fez muitas pessoas abandonarem a agitação das grandes metrópoles e irem viver na praia ou no campo. Pouco comum no Brasil, o fenômeno foi tão forte na Europa e nos Estados Unidos, que muitos urbanistas já se perguntam se cidades como Nova York voltarão ao mesmo fluxo um dia.
Nos Estados Unidos, moradores de Nova York deixaram a cidade e se refugiaram em casas de veraneio espalhadas pelo país. Em Londres, o governo estima que cerca de 700 mil habitantes tenham saído do município.
Para enfrentar o êxodo, algumas cidades já buscam alternativas com o intuito de tornar o cenário urbano menos caótico. O projeto Streetspace, por exemplo, prevê a criação de ciclovias temporárias e ampliação de zonas de pedestre em Londres a fim de diminuir o intenso fluxo de metrôs e ônibus lotados. O objetivo é diminuir o estresse gerado no transporte público e oferecer novas opções de locomoção.
Outro exemplo vem de Paris, que já estava perdendo moradores mesmo antes da pandemia. A cidade transformou a Rua de Rivoli em uma rodovia de bicicletas, interrompendo o tráfego perto das escolas para melhorar a qualidade do ar, e utilizou vagas de estacionamento para ampliar o espaço de cafés, locais tradicionalmente conhecidos como pontos turísticos e de encontro de moradores.
Em uma live realizada pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Imóveis de São Paulo (Secovi-SP), o sócio-diretor da Unique Group disse que, se antes, 30% dos executivos estavam dispostos a mudar de cidade, agora 50% manifestaram esse desejo.
Assim, embora por aqui haja um movimento bem menos expressivo, durante a pandemia muitos brasileiros também passaram a buscar um estilo de vida mais tranquilo. Em São Paulo, por exemplo, de acordo com os dados do Grupo ZAP, responsável pelas marcas ZAP, Viva Real e Conecta Imobi, a procura por imóveis nas cidades com mais de 100 quilômetros de distância da capital paulista subiu 340% comparado a janeiro de 2020 e a maio do mesmo ano. Cidades como São José dos Campos, Bragança Paulista, Sorocaba e Campinas tiveram um aumento da procura nesse período.
Além disso, a busca por casas em condomínios e chácaras passou de 0,5% para 2,2% no mesmo período. Os motivos apontados foram busca de qualidade de vida, acesso fácil a rodovias, segurança e bons serviços na maioria das cidades. A lição que fica é que gestores e autoridades precisam pensar em políticas públicas de mobilidade que estejam alinhadas à qualidade de vida da população.
Fonte: Mobilize, Sienge, Agência Brasil, Secovi-SP.