Como os ônibus elétricos têm transformado a capital do Chile?

13 de abril de 2020 4 mins. de leitura

O país busca ter uma frota totalmente elétrica em seu sistema público de transporte até 2040

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Os ônibus elétricos estão ajudando a transformar a realidade de Santiago, no Chile. Um consórcio de entidades públicas, privadas, sociedade civil e pesquisadores foi formado em 2016 para promover a mobilidade elétrica no país.

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O grupo buscava desenvolver estratégias industriais para impulsionar os suprimentos de veículos elétricos e ser uma plataforma de inovação tecnológica.

Em 2017, o governo chileno publicou a Estratégia Nacional de Eletromobilidade, para atender aos objetivos climáticos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Desde então, apresentou novas políticas para combater a poluição do ar e projetou dez planos regionais de descontaminação, com medidas para melhorar sistemas de aquecimento e frotas de transporte de massa. Preparado em conjunto pelos ministérios de Energia, Transportes e Meio Ambiente, o programa tem como meta que pelo menos 40% dos carros particulares e 100% dos veículos de transporte público sejam movidos a eletricidade até 2050.

O setor privado também colaborou para promover a transformação elétrica no transporte público de Santiago. A maior empresa de serviços públicos do país desenvolveu o novo modelo de negócios, movido a eletricidade, em conjunto com uma operadora de coletivos.

Os primeiros veículos elétricos, que começaram a circular por lá em 2017, foram comprados de diferentes fabricantes chineses por duas concessionárias e alugados para os operadores de transporte, pagos com tarifas de usuários e cobertos por subsídios.

(Fonte: Shutterstock)

Atualmente, a capital chilena tem uma frota de aproximadamente 400 coletivos movidos a eletricidade, em um total de 6,7 mil veículos do transporte público, que tornaram Santiago a cidade com a maior frota de ônibus elétricos fora da China.

Os automóveis têm zero impacto de emissões de poluentes e sua operação é 70% mais barata que a dos modelos convencionais a diesel, segundo dados do Ministério do Transporte do país.

O custo por quilômetro é de cerca de 75 pesos chilenos nos veículos elétricos, enquanto em um coletivo tradicional chega a 300 pesos chilenos. Além disso, os coletivos movidos a eletricidade tem nível baixo de ruído tanto no interior quanto no exterior.

No fim de 2019, três empresas de transporte público inauguraram o primeiro eletrocorredor da América Latina, no qual circulam exclusivamente 183 coletivos movidos a eletricidade com autonomia de até 250 quilômetros. A nova rota beneficia 660 mil pessoas em nove localidades. Desde a sua chegada, os usuários classificaram positivamente os ônibus elétricos, que atingiram pontuação de 6,3 (em uma escala de 7) em uma pesquisa de satisfação realizada pelo Ministério dos Transportes local.

Histórico de poluição

(Fonte: Shutterstock)

Em 2015, a cidade entrou em emergência por conta da poluição do ar. Em torno de 1,3 mil empresas tiveram de fechar, e 40% dos veículos foram impedidos de circular.

Segundo dados oficiais do governo chileno, essa situação ambiental causa ao menos 4 mil mortes prematuras anualmente no país. Por volta de 10 milhões de chilenos estão expostos diariamente a níveis de partículas finas superiores aos limites estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O setor de transportes representa 24,5% das emissões de gases causadores do efeito estufa no país. Em Santiago, 18 milhões de viagens são realizadas diariamente, 30% delas em transporte público. Assim, a implantação dos ônibus elétricos é um ponto-chave para a redução da poluição do ar por lá. Um único veículo elétrico pode evitar a emissão de até 60 toneladas de carbono todos os anos.

Um estudo de 2017 da ONU Meio Ambiente estima que a transição para uma frota totalmente elétrica de táxis e coletivos evitará 1.379 mortes prematuras até 2030 no Chile. Em todo o país, o combate à poluição do ar deve gerar benefícios anuais de US$ 8 bilhões à saúde, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente chileno.

Fonte: WRI Brasil, ONU, OMS.

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