Ícone do site Summit Mobilidade

Inteligência artificial vai afetar caminhoneiros no futuro

As dificuldades que caminhoneiros enfrentam no trabalho fazem que em muitos países o interesse pela profissão esteja em declínio. A Inglaterra vive a crise da falta de profissionais depois do acordo do Brexit (que formalizou a saída do país da União Europeia), uma vez que a circulação entre os países vizinhos na Europa ficou bem mais burocrática.

Os Estados Unidos também enfrentam a falta de mão de obra para esses postos. Segundo uma pesquisa da American Trucking Associations, associação comercial da indústria de caminhões, as empresas que realizam viagens de caminhão em longa distância trabalham com um déficit de 80 mil trabalhadores. A previsão é que o número chegue a 160 mil em 2030.

Mesmo oferecendo bons salários, as companhias estadunidenses têm dificuldade em atrair mão de obra jovem, então a maioria dos trabalhadores já está mais próxima da aposentadoria do que do início da vida profissional. Os motivos mais apresentados para não aceitar esses empregos são o tempo longe da família e a necessidade de praticamente morar no caminhão.

Solidão em longas viagens é uma das principais queixas de caminhoneiros estadunidenses. (Fonte: Pexels/Reprodução)

Nesse cenário de crise no setor, a inteligência artificial pode ser uma solução, mas também a vilã da história. Isso porque companhias de logística e até montadoras de caminhões podem utilizar a tecnologia para sanar uma série de problemas de rotina dos caminhoneiros, produzindo veículos cada vez mais inteligentes e capazes de tornar obsoleta, em um futuro próximo, a mão de obra humana.

Soluções de inteligência artificial

Uma das empresas que mais têm feito sucesso no segmento de transportes nos Estados Unidos é a Truckster. A companhia desenvolveu um aplicativo que mapeia viagens e entregas por todo o país e permite que motoristas possam dirigir até certo ponto, trocar de caminhão com outro profissional inscrito e voltar para a área mais próxima de casa. Com isso, os caminhoneiros fazem viagens menores e podem passar mais tempo em casa.

O aplicativo supervisiona a troca de veículos, para oferecer maior segurança. Segundo a companhia, o tempo de viagem é reduzido em 50% e há economia de 20% com os custos. No Brasil, algumas startups oferecem serviços semelhantes ajudando a logística dos caminhoneiros para que eles consigam otimizar as rotas e trafegar menos tempo sem cargas.

Outra solução que pode se tornar comum em breve é os caminhoneiros operarem veículos remotamente. A empresa sueca Einride apresentou no South by Southwest (SXSW) um protótipo de veículo que combina automação e controle remoto para ser operado. A ideia não é que um motorista opere normalmente um veículo, e sim que ele vá para um ambiente de trabalho como um escritório, com horas fixas, e possa supervisionar o deslocamento de alguns veículos, resolvendo situações que a inteligência artificial ainda tem dificuldade de solucionar.

Leia também:

Possíveis problemas da inteligência artificial para os motoristas

A automação parece ser, de fato, o próximo passo no futuro do transporte de cargas. Apesar de muita gente acreditar que esse é um problema do futuro, grandes empresas como a Volvo já fazem testes avançados com carros autônomos, e muitos já estão em operação, inclusive no Brasil.

Por enquanto, esses veículos são realidade em ambientes controlados, como sítios de mineração e agrários. A mineradora Vale, por exemplo, já substituiu motoristas por caminhões autônomos no Complexo de Carajás, no Pará. Desde então, não houve mais acidentes e foi registrada maior economia de combustíveis.

Mais testes e uma legislação específica são necessários para que caminhões autônomos possam compartilhar as estradas com veículos comuns. (Fonte: Pexels/Reprodução)

Essa realidade, porém, pode demorar para alcançar as estradas. No Brasil, falta legislação específica para que veículos autônomos operem em rodovias. Nos Estados Unidos, alguns caminhões trafegam com certos níveis de automação, mas precisam de motoristas para trajetos urbanos, inícios de viagem e manobras de estacionamento.

Segundo uma pesquisa da Universidade da Pensilvânia (EUA), 294 mil postos de trabalho poderiam ser extintos se o setor de transportes terrestres fosse automatizado. No Brasil, uma pesquisa do Laboratório do Futuro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), indica que até 877 mil caminhoneiros poderiam perder o emprego.

A inteligência artificial pode, portanto, fazer parte de um futuro agridoce para os caminhoneiros. Ou ela agirá resolvendo situações do cotidiano e melhorando as condições de trabalho ou extinguirá os cargos de uma vez.

Quer saber mais? Confira aqui a opinião e explicação dos nossos parceiros especialistas em Mobilidade.

Fonte: The Next Web, RodoJacta, MobiAuto.

Sair da versão mobile