Por que a maioria das capitais brasileiras não tem metrô?

3 de abril de 2020 4 mins. de leitura

O metrô é visto como solução para diversos entraves urbanos; apesar disso, são poucas as cidades e capitais que têm esse transporte

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O sistema de metrô está disponível em apenas 12 capitais brasileiras. Considerando que o veículo é visto como uma solução capaz de estruturar redes de transportes e o desenvolvimento das cidades, a oferta desse sistema é bastante escassa no país.

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Em 2016, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou o estudo Transporte & desenvolvimento: transporte metroferroviário de passageiros, em que avalia que malha de metrôs e trens de passageiros precisa crescer 80%.

Segundo a CNT, o planejamento e a implementação do transporte sobre trilhos, integrado ao sistema de ônibus, são essenciais para atender à demanda de transporte de massa, além de contribuir com melhorias na mobilidade urbana.

(Fonte: Pixabay)

A falta de metrô em capitais brasileiras: conhecendo os motivos

Um dos motivos pelos quais a maioria das capitais brasileiras – e também importantes cidades do interior do país – não possuem o transporte sobre trilhos é o fato de a implantação do sistema requerer um alto aporte de recursos e, em algumas capitais, recuperação e até alterações na infraestrutura local. Outros motivos têm a ver com a má administração dos recursos públicos.

Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, optou pelo sistema de BRT (sigla para trânsito rápido de ônibus, em inglês) para resolver seu problema de mobilidade. Em 2012, o então diretor da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Rudel Trindade Júnior, disse que o metrô de superfície estava descartado, pois a demanda ainda não era suficiente para que o investimento se tornasse viável. Segundo ele, seria preciso haver uma demanda de 30 mil usuários no horário de pico, mas a capital tinha somente 5 mil.

(Fonte: Pixabay)

O metrô de superfície também já foi cogitado para a capital de Santa Catarina, Florianópolis, mas em 2011 o então vice-prefeito João Batista Nunes afirmou que o projeto era inviável. De acordo com Nunes, para tornar o projeto possível com um custo de, em média, R$ 3,50 por passe, seria necessário ter uma população de 1 milhão de habitantes. Na época, havia na cidade aproximadamente 433 mil moradores.

Cuiabá, capital do Mato Grosso, tinha um projeto de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que deveria ter começado a operar na Copa do Mundo de 2014; porém, as obras foram paradas e, de acordo com o Secretário de Mobilidade Urbana, não serão retomadas. A informação foi dada às emissoras locais em 2019. O motivo de o projeto ter sido abandonado foram suspeitas de irregularidades: um superfaturamento superior a R$ 120 milhões nas compras dos trens, que hoje estão abandonados em um pátio.

Outra capital que não deu seguimento ao projeto e que é exemplo de desperdício do dinheiro público é São Luís, no Maranhão. O VLT, que chegou a fazer uma única viagem, custou aproximadamente R$ 7 milhões aos cofres públicos e hoje está abandonado em um galpão – ainda gerando despesas ao município, que paga por seu armazenamento. O projeto não continuou porque o Ministério Público do Maranhão ajuizou uma ação de improbidade administrativa contra o prefeito da época, João Castelo.

Concessões públicas podem ser a solução para a implementação de metrôs?

Por enquanto, não há informações sobre concessões para implementação de sistemas a partir do zero. No entanto, os metrôs de São Paulo e do Distrito Federal podem receber melhorias e expansões de sua malha por meio de parcerias público-privadas. Em Salvador, houve a concessão patrocinada, para conclusões das obras da linha 1 e construção da linha 2 do metrô.

A concessão patrocinada define uma parceria público-privada para a oferta de serviços públicos em que, além das tarifas cobradas dos usuários, a organização ou agente privado recebe do governo o pagamento de uma contraprestação. Ocorre quando o que os usuários pagam não cobre o investimento que o parceiro privado realizou.

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