Quem foi Jane Jacobs e qual foi seu legado para a mobilidade urbana?

14 de janeiro de 2021 4 mins. de leitura

Jacobs revolucionou o urbanismo com a publicação do livro “Morte e Vida de Grandes Cidades”

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Quando a urbanista Jane Jacobs publicou o livro Morte e Vida de Grandes Cidades, em 1961, o planejamento urbano era pouco focado em uma perspectiva humana. A norte-americana via as cidades como sistemas com a própria lógica e dinamismo, os quais mudavam com o tempo.

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Ao pensar como as cidades operam, falham e evoluem, Jacobs escreveu com eloquência sobre calçadas, parques, design de varejo e auto-organização, defendendo maior densidade em cidades, quarteirões, economias locais e usos mistos.

Considerada a urbanista mais influente do mundo pela revista Planetizen, viveu mais de 40 anos de ativismo em defesa da participação das pessoas no espaço urbano e ajudou a desbancar a abordagem centrada no carro para o planejamento urbano em Nova York (EUA) e Toronto (Canadá).

Uma vida dedicada ao urbanismo

Jacobs nasceu em 1916 em Scranton, na Pensilvânia (EUA), e iniciou sua carreira como jornalista em Nova York escrevendo sobre bairros de trabalhadores na cidade. Em 1952, tornou-se editora associada da Architectural Forum, o que a permitiu observar mais de perto os mecanismos de planejamento e renovação urbana.

Ao longo dos anos, tornou-se cada vez mais crítica da teoria e da prática do planejamento convencional, indicando que muitos dos projetos de reconstrução da cidade sobre os quais ela escrevia não eram seguros, interessantes, vivos ou economicamente sólidos. Suas observações desafiavam o estabelecimento dominante do planejamento profissional modernista e valorizavam a sabedoria da observação empírica e da intuição da comunidade.

Jacobs participou ativamente (Fonte: Public Square/Reprodução)
Jacobs participou ativamente do protesto contra a remoção de moradias populares para construção de vias expressas em Nova York. (Fonte: Public Square/Reprodução)

Durante a década de 1960, Jacobs se envolveu com o ativismo urbano em Nova York, liderando um movimento de oposição à construção de rodovias expressas defendida à época com a remoção de bairros inteiros. Seus esforços para parar a via expressa a levaram à prisão durante uma manifestação em 1968, e a campanha é frequentemente considerada um dos pontos de inflexão no desenvolvimento da cidade.

As duras críticas de Jacobs à “limpeza de bairros populares” e aos grandes projetos habitacionais também foram fundamentais para desacreditar essas práticas de planejamento outrora universalmente apoiadas.

Em 1968, Jacobs se mudou com a família para Toronto em oposição à Guerra do Vietnã e continuou sua ação crítica contra o planejamento urbano sem participação popular e ampliou suas reflexões para discussões mais abrangentes sobre economia, moral e relações sociais até sua morte, em 2006.

Principais ideias

Jacobs entendia as cidades como espaços vivos, sugerindo que, ao longo do tempo, edifícios, ruas e vizinhanças funcionavam como organismos dinâmicos, mudando em resposta à forma como as pessoas interagem com eles. 

Ela demonstrou que a alta densidade populacional é vital para o crescimento econômico e a prosperidade, ainda que esse fato por si só não produza comunidades saudáveis. A urbanista defendeu o desenvolvimento urbano de uso misto, com a integração de diferentes tipos de edifícios e utilização deles, independentemente de serem residenciais, comerciais, antigos ou novos.

Apesar de ser originalmente jornalista, Jacobs se destacou por suas ideias inovadoras no urbanismo. (Fonte: WNYC/Reprodução)
Apesar de ser originalmente jornalista, Jacobs se destacou por suas ideias inovadoras no urbanismo. (Fonte: WNYC/Reprodução)

Com base em sua experiência e observação, a urbanista defendeu que as políticas governamentais para o planejamento e o desenvolvimento são geralmente inconsistentes com o funcionamento dos bairros da cidade na vida real. Assim, propôs que a experiência local é mais adequada para orientar o desenvolvimento da comunidade

Jacobs também lançou luz sobre a natureza das economias locais, contestando as suposições de que as cidades são um produto do avanço da agricultura e que economias especializadas e altamente eficientes alimentam o crescimento de longo prazo. Nesse sentido, planejou um modelo de desenvolvimento econômico local baseado na promoção de pequenos negócios apoiando os impulsos criativos dos empreendedores urbanos.

Fonte: Caos Planejado, ArchDaily, The City Fix Brasil, Project for Public Spaces, Center for Living City, Public Square, WNYC

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